quarta-feira, 20 de junho de 2007

Ex-ministro de FHC defende o advogado flagrado com propina da máfia dos bingos

do Hora do Povo

Ocorrido recentemente, o acidente de carro envolvendo o advogado ligado a casas de bingo e caça-níqueis, Jamil Chockr, reforçou a suspeita do envolvimento de pessoas ligadas à administração pública em São Paulo com o jogo ilegal. No veículo do advogado, acidentado após uma tentativa de assalto, a polícia encontrou listas e envelopes com R$ 38 mil em dinheiro, que teriam distritos policiais da capital paulista como destino.
Na versão do advogado, que depôs na segunda-feira (18) na Corregedoria da Polícia Civil de São Paulo, o dinheiro encontrado com ele era do pagamento de seus honorários como funcionário da empresa Reel Token, mas as investigações caminham na direção de que o advogado está envolvido em um esquema de pagamento de propina a delegacias de São Paulo. A polícia verificou também que Jamil é, na verdade, sócio-fundador da Reel Token, empresa que traz caça-níqueis da Espanha.
Na investigação sobre o acidente apareceram novas anotações da contabilidade do advogado. Em uma delas consta PFSP e, ao lado, o valor de R$ 35 mil. O Ministério Público tenta descobrir se a sigla corresponde a Polícia Federal de São Paulo. Aparecem também anotados Decap (R$ 5 mil) e Deic (R$ 17 mil), siglas de órgãos da Polícia Civil. Segundo o advogado de Jamil Chockr e ex-ministro da Justiça de Fernando Henrique, José Carlos Dias, seu cliente nega qualquer pagamento de propina.
As investigações ainda não foram muito longe, mas podem trazer alguma luz sobre a ação da máfia dos jogos de azar no Estado de São Paulo, governado há mais de 12 anos pelo PSDB. O ex-governador Geraldo Alckmin se empenhou diretamente para impedir a aprovação de uma lei que contrariava os interesses da máfia dos caça-níqueis e o atual governador, José Serra, também do PSDB, insiste em ignorar a mesma lei, mesmo depois de aprovada.
O projeto de lei, que proíbe a instalação, utilização e locação de máquinas caça-níqueis, videobingo e videopôquer em bares e restaurantes, foi apresentado em 2003 pelo então deputado Romeu Tuma Jr (PMDB) e aprovado pela Assembléia Legislativa dois anos depois, em dezembro de 2005, porém foi imediatamente vetado pelo ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) em janeiro de 2006.
Os deputados estaduais derrubaram o veto do governador em dezembro do mesmo ano, obrigando o executivo a sancionar a lei, mas ela está sendo contestada por Serra no Supremo Tribunal Federal (STF).
MATARAZZO
Uma conversa telefônica interceptada pela Polícia Federal na Operação Têmis, que investiga a suspeita de que uma quadrilha negociava a venda de sentenças judiciais com o objetivo de fraudar a Receita Federal e permitir o funcionamento de bingos, encontrou indícios de que funcionários ligados à subprefeitura da Sé, órgão da Prefeitura de São Paulo, receberam propina para que um bingo irregular continuasse aberto.
Segundo o diálogo reproduzido na imprensa, o vice-presidente da Associação Brasileira de Bingos, Marco Antonio Tobal, negociou a propina com um intermediário de nome Jaques, que a PF ainda não identificou. Na conversa, ocorrida em 9 de fevereiro deste ano, às 15h51, Jaques pergunta: “E o tiule ( gíria usada para designar dinheiro ) para dar pra esses putos?”. “Ah! Manda vir pegar, né?”, responde Tobal. Na seqüência, Jaques diz ao operador de jogos ilegais que uma determinada casa já poderia voltar a funcionar: “O que foi conversado foi a nível de subprefeitura. Você derruba as paredes, eles não vão mais te incomodar”. O bingo citado na conversa funciona na avenida Ipiranga, área sob a jurisdição da subprefeitura da Sé, que é dirigida pelo tucano Andrea Matarazzo, também secretário das subprefeituras.

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