Há tempos eu deixei de me interessar muito por coisas que me eram bem caras. Falo de cultura. Ou, para que ninguém tenha uma idéia distorcida a meu respeito: cultura pop.
Falo de rock, seriados, filminhos, gibis. Nada de jazz, música erudita, literatura ou teatro. Essas coisas que certas pessoas enumeram só para fingirem ser inteligentes. Não tenho porquê negar que sempre consumi aquele tipo de coisa. O que não signifique que só consumisse a tal cultura pop, mas a verdade é que não fui muito longe no interesse em apreciar a "alta cultura" ou as obras "do bom gosto". E não fui muito longe nos estudos. Não sei se existe alguma relação, mas eu também fico com o pé atrás quando a cultura pop entra na conversa ou em discussões. O que não significa que tenha sido sempre assim. Esse papo de "quem-lê-o-quê" ou "fulano-escuta-e-é-fã-de-rock-underground" já fez parte de minha vida, a ponto de eu gastar um bom dinheiro em vinis e CDs e aprender a tocar guitarra. Também não fui muito longe. A verdade é que eu não encontro meu lugar. Ponto.
Entre os meus preferidos, havia uma banda chamada Dead Kennedys ( não vou apresentar. Para isso existe o Google ) . O pouco que eu entendo de inglês, aprendi sozinho, para conseguir traduzir suas letras. E, gostem ou não, que letras!! Abaixo um exemplo:
Pull My Strings
I'm tired of self-respect
I can't afford a car
I wanna be a prefab superstar
I wanna be a tool
Don't need no soul
Wanna make big money
Playing rock and roll
I'll make my music boring
I'll play my music slow
I ain't no artist I'm a businessman
No ideas of my own
I won't offend
Or rock the boat
Just sex and drugs
And rock and roll
Drool, drool, drool, drool, drool (etc.)
My payola!
Drool, drool, drool, drool, drool (etc.) My payola!
You'll pay ten bucks to see me
On a fifteen foot high stage
Fat-ass bouncers kick the shit
Out of kids who try to dance
If my friends say I''ve lost my guts"
I'll laugh and say
That's rock and roll
( But there's just one problem... Is my cock big enough Is my brain small enough For you to make me a star )
Give me a toot,
I'll sell you my soul
Pull my strings and I'll go far
And when I'm rich
And meet Bob Hope
We'll shoot some golf
And shoot some dope
Is my cock big enough
Is my brain small enough
For you to make me a star
Give me a toot,
I'll sell you my soul
Pull my strings and I'll go far Pode não parecer nada, mas aqui tratava-se de uma paródia da canção My Sharona, da banda considerada new wave The Knack. A paródia foi apresentada durante uma premiação da indústria musical americana, e os Dead Kennedys foram também apresentados como "new wave", o que significaria "a nova moda comercial em voga no rock". É necessário dizer que os Kennedys - que tiveram problemas logo na formação da banda, devido ao nome alusivo ao ex-presidente - teriam que apresentar seu "sucesso das paradas", California Über Alles e começaram a fazê-lo de forma bem esdrúxula. Pouco após os primeiros acordes de "California", a banda parou de executá-la, ríspidamente, causando susto e curiosidade na platéia, que teve que ouvir quietinha o que viria a seguir: uma crítica à índústria da música e seus rockstars. Os anos 70 em seus estertores e todos os seus excessos. Os Rolling Stones viraram multimilionários, Elvis também. Elvis morreu. As grandes bandas alugavam aviões e tocavam em estádios. E cobravam caro. Mick Jagger frequentava o jet-set e as discotecas. O rock virou um negócio de grandes proporções. Se havia alguma auto-crítica, a heroína e a cocaína cuidavam disso. A cultura de massas tinha sua trilha sonora.
Num dia recente, eu descolei numa biblioteca, um livro da década de 70, de uns autores franceses - creio que marxistas ( não entendo muito disso ) - em que o tema era o rock da libertadora e rev olucionária década de 60. Tratavam de demontrar o caráter de mercadoria da música, da produção, essas coisas. Foi muito instrutivo.
Os autores desciam o cacete nos Beatles, Rolling Stones, Bob Dylan ( esse então ficou cheio de hematomas ), Frank Zappa, MC5, Stooges. Se me lembro bem, só os Doors obtiveram alguma simpatia dos autores. Acho que é por causa da influência da Literatura e Teatro que a banda tinha, que não os fez correr atrás de alguma pretensão "revolucionária", apenas artística. Sei lá, não saberia explicar.
A questão mais evidente: o rock fez com que os brancos ganhassem dinheiro com a música negra e os negros continuavam se ferrando na América. E as empresas ganhavam os tubos com a "revolução" dos '60 e a guerra. Keith Richards, dos Rolling Stones definiu bem a relação entre as gravadoras e a Guerra do Vietnã: seu selo ( DECCA, se não me engano ) era subsidiária de uma companhia que vendia armas, ou ganhava dinheiro nisso de algum modo. Ou seja: O rock dos anos 60 ajudou a matar os vietnamitas.
Essa é a questão da qual não podemos fugir: os personagens que regem a economia e a produção mundiais estão interligados em uma rede, e não acho que possamos escapar disso.
De qualquer forma, isso é assunto para outra ocasião.
Voltemos aos Kennedys.
A banda - formada por volta de 78, nos EUA, quando os Sex Pistols já haviam sido fulminados e a piada havia perdido a graça - começou no cenário musical californiano, no movimento que ficou conhecido no mundo como "hardcore", uma vertente mais rápida e pesada do punk rock. Mas os Kennedys saíam um pouco da fórmula. "Holiday in Cambodia", sobre as guerras na Indochina e crítica aos yuppies e ao racismo, não faria feio em um disco de space-rock; já"The problem is bigger now" - na qual lamentam a eleição de Ronald Reagan em 1980 e prevêem que o Senhor da Guerra governaria com a Ku-Klux-Klan e a Maioria Moral, e El Salvador estaria fudido e sangrando - é apresentada na forma "jazzística happy-hour style".
O governo e a sociedade americana sempre foram os temas dominantes. A guerra e o yuppismo, a ganância e o racismo, a televisão, a violência policial, a direita religiosa, o sistema educacional ( com seus jocks e quarter-backs ) para formação de gestores com foco em lucratividade, tudo isso foi abordado em suas canções. Se esse comportamento é "anticapitalista", eu não posso dizer, já que também é difícil imaginar um "comunismo" americano ( é que o rótulo "comunismo" é muito abrangente, em termos de Guerra Fria ou caça ao terror ).
A predileção por tais temas não os fazia, digamos, panfletários ingênuos e proselitistas. O sarcasmo e o humor negro davam o tom. As maiores contradições e tragédias da humanidade eram apresentadas como gags. Havia também, percebe-se, uma teatralização da coisa, tipo Alice Cooper. Ou, como quando Edgard Alan Poe descrevia a sensação de horror de "ter sido" enterrado vivo, a história era contada pela visão de uma persona, o ponto de vista do autor da letra devia ser entendido nas entrelinhas.
Bom, tanto comportamento confrontador causou-lhes problemas com a censura, ou dificuldades em se apresentar nos lugares. Claro que, para muitos, ser censurado significa aumentar as vendas. A rebeldia tatuada estudada se compra no Wal-Mart.
Ocorre que nem todos cuidam da carreira e de sua própria segurança. O vocalista, Jello Biafra era - e continua sendo, mesmo após o final da banda em 1986 - o que chamamos de "ativista". A banda se desfez, após um enfrentamento com a Justiça americana, sofrendo um processo por "distribuição de material impróprio a menores". No disco Bedtime for Democracy, de 1985, foi encartado um pôster de um trabalho do artista H.R.Giger, chamado "Penis Landiscape". Uma adolescente comprou um exemplar para presentear o irmão e, segundo consta, foi surpreendido pela mãe enquanto analisava o encarte. A mãe denunciou à Justiça.
Deixa eu encurtar: Jello Biafra, que em 1979 ficou em quarto lugar na eleição para prefeito de São Francisco, era o verdadeiro mentor intelectual "ideológico" da banda. Os outros não levavam isso tão a sério. Logo no início da carreira, seu guitarrista ficou puto com Jello quando este jogou o conteúdo de um copo de cerveja num manager de uma gravadora "major", durante um show. O sujeito estava ali para tentar assinar com a banda e Jello ( proprietário do selo "independente" Alternative Tentacles, que lançava as obras da banda e, depois, de outros artistas que não encontravam lugar na indústria ) estragou o negócio; houve também um assédio da Levi's ( acho que é recente, quando não existia mais a banda ) para que "Holiday in Cambodia" virasse tema de campanha da marca. A Ivete Sangalo ou o Chorão não titubeariam. Mas Jello, coerente, frustrou os planos da empresa e de seus ( ex-? ) companheiros de banda. O radical Clash fechou com a Levi's.
Durante aquele processo judicial, a banda acabou. Do mundo musical e artístico, poucos apoiaram Jello, pois ele e um, acho que gerente de seu selo, é que foram para o banco dos réus. Se bem estou certo, somente Frank Zappa, Iggy Pop e Steve Van Zandt apoiaram e testemunharam a favor do vocalista dos Kennedys. As lojas que, no início, foram acusadas também, pararam de vender os discos da banda. Os EUA viviam uma espécie de caça às bruxas. Havia um grupo de pais que fundara o PMRC ( Parents Music Resource Center ) tendo à frente, a esposa do Senador Albert Gore ( sabem quem é, não sabem? ), a senhora Tipper Gore. Foram acusados por diversas vezes, de difundir o abuso de drogas, a violência, a prostituição, e de corromper a juventude americana, artistas como Michael Jackson, Madonna, Prince, WASP, Bruce Springsteen.
Até onde eu sei, desse período, apenas os Dead Kennedys - ou, mais precisamente, Jello Biafra - foram realmente processados. A banda acabou, o selo Alternative Tentacles faliu e, para ajudar nas despesas e custas processuais, Jello Biafra fundou o No More Censorship Fund. No final, Jello foi inocentado ( viram como processo é uma coisa e condenação é outra, golpistas? ) por um placar apertado: coisa do tipo 5 a 4 ou 4 a 3. Um dos jurados chegou a pedir que Jello autografasse uma cópia do poster proibido. Jello passou a percorrer pelos Estados Unidos, em sindicatos, escolas e universidades, fazendo palestras sobre temas como censura e o processo que sofrera, as guerras, o governo americano, a situação do meio ambiente, o lixo tóxico e nuclear, etc.
Veio a década de 90, Bush pai invade o Iraque, e Jello - que, ao que parece, é filiado ao Partido Verde de Ralph Nader - lança o single "Die for Oil sucker".
Sua gravadora passa a lançar spoken-albuns, contendo discursos de Jello. Hoje em dia, além de música, você encontra à disposição livros e spoken-albuns de Noam Chomsky, Mumia Abu-Jamal ( Pantera Negra no corredor da morte há mais de 20 anos ) , Howard Zinn, Greg Palast, e outros.
Os ex-integrantes da banda processaram Jello e ganharam os direitos da banda. Alegavam que ele não dava os devidos créditos e não pagava o justo. Hoje em dia, após terem embarcado em carreiras irregulares, retomaram a banda, com um nome parecido ( The DK's ) e passaram a se apresentar por aí, em shows de nostalgia, chegando até a tocar no Brasil ( em 1986 teriam vindo ao Brasil, mas a extinção do grupo tornou isso um pouquinho difícil ) .
Só que com um detalhe: o vocalista que chamaram não conhece as letras.
Os novos Kennedys também passaram a comercializar gravações ao vivo, bootlegs que, de acordo com algumas matérias que li, são de péssima qualidade.
Em suma: de uma banda que confrontou a era Reagan, os DK ( ou The DK's ) se tornaram uma paródia caça-níqueis, uns Rolling Stones do punk mais fraudulentos que os Sex Pistols que, com seu karaokê nostálgico, enterram de vez a dignidade que um dia possuíram e que, justamente, os tornou tão interessantes e motivou as pessoas a vê-los e ouví-los na América dos anos 80.
Quando houve aquele quebra-quebra em Seattle, os protestos anti-globalização, e aquilo tudo que horroriza e apavora a Veja e o Estadão, Jello estava lá, se apresentando em um curto show, numa banda que tinha o ex-Nirvana Kirst Novoselic no contrabaixo, formada para essa apresentação.
Porquê eu comecei a falar disso tudo?
É que hoje me bateu uma nostalgia, e eu fui dar uma olhada no site da Alternative Tentacles.
Alguém mandou uma mensagem [ ver abaixo, só que em inglês, apedeutas ] dizendo que, em 2003, os The New Adventures of old Cretins, os The DK's, ou seja lá o nome que for, se apresentavam num lugar e manifestaram seu apoio à invasão americana no Afeganistão. Há também uma nota do próprio Jello ( 03/15/07 : Greedy ex-DKs okay song for rape scene in new Tarantino Movie ), lamentando que os farsantes tenham participado de um filme de Tarantino, fazendo a trilha de uma cena de estupro. A canção executada na cena,"Too drunk to fuck" ( que já havia sido censurada no final da década de 70 ) , apesar do nome forte, satiriza o abuso de álcool. Eu não sei qual filme que é.
March 14, 2003 :
Fake DK's Support Bush's War???
We recently received this letter addressed to "Mr. Biafra" :
"[..]I don't mean to get off on a rant, but I write to you also concerning the DK Kennedy's recent (and, in fact, currently running) tour. I attended the concert myself, along with a few of my friends who, like myself, believe in you and hold great contempt for the falsities and blatant corruption that the DK Kennedys have forced upon fans of the Dead Kennedys. We attended the show at the Norva, in Norfolk, Virginia. We were, to say the least, completely appalled with the entire performance by the DK Kennedys. The opening bands, Project 208 and the Unabombers, were worth the money paid for the tickets (which were $17.50 apiece) but the DK Kennedys sucked a big, rubbery one. The claims of Brandon Cruz seeming to not even know the songs he was singing, and the band being in sore shape, were proven in the first minute of stage time that the corporate sell-outs got.
[..]Cruz made a comment about you that you may not be aware of, roughly that you were a terrorist because you didn't love your country and that you were no better than Osama Bin Laden (at which point my small, ragtag group of friends began chanting "JELLO! JELLO! JELLO! JELLO! JELLO!" so that the band left the stage for a period of five minutes) then came back out and, before continuing with their less-than-sad performance, said quietly "But he has the right to his own opinion". I do honestly believe he was just trying to shut us up, and it didn't work.
[...]Then just before launching into "Holiday In Cambodia", D.H. says "this song goes out to all the U.S. troops overseas in Afghanistan. We support President Bush's actions in Afghanistan."This is about the time when we all looked at each other and said "What? This, from a person who once performed with a band who played a song called "Stars and Stripes of Corruption"?.
[...]
With No Further Ado, Greyson Edwards"
A witness at a more recent concert reported Brandon Cruz giving a "patriotic" speech about "love of country" as an intro to "Kill The Poor".
Abaixo, a letra de "Stars and Stripes of Corruption", de 1985. Veio no álbum em que estava o famoso poster. Eu tenho a impressão de que, o que realmente quiseram censurar ou punir, era essa letra. O poster foi a desculpa para isso.
Stars And Stripes Of Corruption
Dead Kennedys
Finally got to Washington in the middle of the night
I couldn't wait
I headed straight for the Capitol Mall
My heart began to pound
Yahoo! It really exists
The American International Pictures logo
I looked up at that Capitol Building
Couldn't help but wonder whyI felt
like saying "Hello, old friend"
Walked up the hill to touch it
Then I unzipped my pants
And pissed on it when nobody was looking
Like a great eternal Klansman
With his two flashing red eyes
Turn around he's always watching
The Washington monument pricks the sky
With flags like pubic hair ringed 'round the bottom
The symbols of our heritage
Lit up proudly in the night
Somehow fits to see the homeless people
Passed out on the lawn
So this is where it happens
The power games and bribes
All lobbying for a piece of ass
Of the stars and stripes of corruption
Makes me feel so ashamed
To be an American
When we're too stuck up to learn from our mistakes
Trying to start another Viet Nam
Whilke fiddling while Rome burns at home
The Boss says, "You're laid off. Blame the Japanese"
"America's back," alright
At the game it plays the worst
Strip mining the world like a slave plantation
No wonder others hate us
And the Hitlers we handpick
To bleed their people dry
For our evil empire
The drug we're fed
To make us like itIs God and country with a band ( N.do blog: "a bang"? )
People we know who should know better
Howl, "America rules. Let's go to war!"
Business scams are what's worth dying for
Are the Soviets our worst enemy?
We're destroying ourselves instead
Who cares about our civil rights
As long as I get paid?
The blind Me-Generation
Doesn't care if life's a lie
so easily used, so proud to enforce
The stars and stripes of corruption
Let's bring it all down!
Tell me who's the real patriots
The Archie Bunker slobs waving flags?
Or the people with the guts to work
For some real change
Rednecks and bombs don't make us strong
We loot the world, yet we can't even feed ourselves
Our real test of strength is caring
Not the toys of war we sell the world
Just carry on, thankful to be farmed like worms
Old glory for a blanket
As you suck on your thumbs
Real freedom scares you'Cos it means responsibility
So you chicken out and threaten me
Saying, "Love it or leave it"
I'll get beat up if I criticize it
You say you'll fight to the death
To save your useless flag
If you want a banana republic that bad
Why don't you go move to one
But what can just one of us do?
Against all that money and power
Trying to crush us into roaches?
We don't destroy society in a day
Until we change ourselves first
From the inside out
We can start by not lying so much
And treating other people like dirt
It's so easy not to base our lives
On how much we can scam
And you knowIt feels good to lift that monkey off our backs
I'm thankful I live in a place
Where I can say the things I do
Without being taken out and shot
So I'm on guard against the goons
Trying to take my rights away
We've got to rise above the need for cops and laws
Let kids learn communication
Instead of schools pushing competition
How about more art and theater instead of sports?
People will always do drugs
Let's legalize them
Crime drops when the mob can't price them
Budget's in the red?
Let's tax religion
No one will do it for us
We'll just have to fix ourselves
Honesty ain't all that hard
Just put Rambo back inside your pants
Causing trouble for the system is much more fun
Thank you for the toilet paper
But your flag is meaningless to me
Look around, we're all people
Who needs countries anyway?
Our land, I love it too
I think I love it more than you
I care enough to fight
The stars and stripes of corruption
Let's bring it all down!
If we don't try
If we just lie
If we can't find
A way to do it better than this
Who will?
Taí. Jello Biafra, um anacrônico ativista americano dos anos 60, só que em 2007.
Etiquetas: Alternative Tentacles Records, ativismo, cultura pop, Dead Kennedys, esquerda X direita, EUA, governo americano, guerras, Jello Biafra, Punk Rock, sociedade americana