quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Soja convencional dá mais lucro ao produtor que transgênica. Quem gosta de prejuízo, é leitor da vEJA

Rejeição aos transgênicos valoriza soja convencional
28/11/2007
A rejeição dos importadores, seguindo posição dos consumidores contrária aos transgênicos, está se refletindo na comercialização de soja no país. No Oeste paranaense, os produtores de soja não-transgênica estão recebendo R$ 2,20 a mais por saca do grão e o mesmo está ocorrendo em Mato Grosso e Goiás, outras duas grandes regiões produtoras de soja. Daniel Sebben, da consultoria AgRural, informa que os prêmios para soja convencional em Mato Grosso estão sendo fortalecidos, principalmente nas regiões Parecis e Médio Norte do Estado. Juntas, essas localidades somam área plantada de soja 3,7 milhões de hectares, o equivalente a 67% da área do estado. Neste ano, por exemplo, em abril (época de safra), a saca de soja convencional no Médio Norte valia R$ 22,57, o que representava prêmio de R$ 1,50 por saca, em relação ao grão transgênico. Em Sapezal (região do Parecis) tal prêmio chegava a R$ 1,70.“No caso do Parecis, o prêmio se deve ao destino do grão, que geralmente é o mercado europeu, que tem restrições quanto ao consumo de transgênicos. No Médio Norte, desde a safra passada, há esmagadoras que começaram a segregar o produto convencional, criando um nicho que não havia”, afirma.
No Paraná, cresce a tendência pela valorização da soja não-transgênica. O agrônomo Valdir Izidoro Silveira, presidente da Empresa Paranaense de Classificação de Produtos (Claspar), revelou que produtores rurais do Oeste do Paraná estão recebendo um acréscimo de R$ 2,20 por saca de soja convencional. “Isso demonstra o acerto da política do governador Roberto Requião em defesa da produção de grãos não-transgênicos. É também significativo o número de agricultores que está deixando o plantio de soja transgênica por comprovar melhores resultados financeiros com a produção convencional.”
DEMANDA – As empresas de consultoria técnica no setor de grãos confirmam que houve demanda baixa por sementes de soja transgênica em Mato Grosso, aumentando a procura pela semente de grão convencional. E, a escassez fez com que os preços subissem 16% a partir de agosto, quando a convencional começou a faltar, segundo Elton Hamer, presidente da Associação dos Produtores de Sementes de Mato Grosso (Aprosmat). Ele detalha que a saca de semente (40 quilos) que estava custando em abril entre R$ 42 e R$ 43, saltou para R$ 48 e R$ 50 em agosto. Já a transgênica se manteve no mesmo patamar, de R$ 35, preço 30% menor. “Quando o transgênico começou a ser implantado em Mato Grosso, há dois ou três anos, a semente convencional era um pouco mais barata”.
A situação faz com que em Mato Grosso e Goiás ocorra expressivas sobras de sementes transgênicas. “Se criou grande expectativa sobre crescimento de área transgênica de soja, que não se concretizou”, avalia Hamer. A estimativa era que 45% da área de 5,6 milhões de hectares de soja fossem cultivados com grão geneticamente modificado em Mato Grosso, percentual que deve fechar o plantio entre 35% e 38%, praticamente o mesmo da safra passada (35%).
Já em Goiás, segundo o presidente da Associação Goiana de Sementes (Agrosem), Aldino Rosso, a área de soja transgênica se repetiu nesta safra, na comparação com o período anterior. “As sementes geneticamente modificadas estão em 45% da área de soja de Goiás, quando o setor produtor de sementes esperava que houvesse avanço para 55% do total”, diz Rosso.MERCADO EXTERNO - Os importadores japoneses estão pagando ágio de US$ 1,50 por bushel (medida utilizada pela Bolsa de Chicago, que equivale a 27,21 quilos) para a soja não-transgênica, com entrega em 2008. “Isso representa 25% mais que neste ano”, afirmou Nobuyuki Chino, presidente da trading Unipac Grain, com sede em Tóquio. O Japão importou aproximadamente 500 mil toneladas de soja não-transgênica para uso alimentar no ano passado.
O Japão, maior mercado importador de soja, tem empresas, como a Shinozakiya, que utilizam o grão convencional para produzir alimentos como o tofu. A soja transgênica não é utilizada para a alimentação no Japão, devido a preocupações com a segurança alimentar. Outros países asiáticos, como Taiwan e Coréia do Sul, também importam soja não-transgênica. Na Europa, aumenta a rejeição aos organismos geneticamente modificados. A França e a Áustria proibiram a produção comercial de milho transgênico, enquanto que, na Itália, foi realizada consulta pública com mais de três milhões de italianos declarando-se contra os produtos transgênicos. Em Portugal, dezenas de regiões declaram-se zonas livres de transgênicos, posição assumida por demanda de agricultores e de movimentos sociais.

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