domingo, 16 de dezembro de 2007

CPMF: Derrota de Lula, Serra e governadores tucanos



Jasson de Oliveira AndradeO fim da CPMF, imposto pelo Senado por apenas quatro votos, foi a pior derrota de Lula, em cinco anos de governo. No entanto, ele não perdeu sozinho. Serra e outros governadores tucanos (Aécio Neves, Minas; Yeda Crusius, Rio Grande do Sul e Teotônio Vilela, Alagoas) também foram derrotados. Todos eles defenderam a prorrogação dela. O mais contundente em sua crítica foi o tucano Teotônio Vilela, governador de Alagoas. Ele declarou ao Estado: “Perde Alagoas e perde o Brasil. Acho que foi um equívoco dos senadores tucanos, ao se posicionarem contra a CPMF”. Aécio foi mais cauteloso: “Eu, pessoalmente, achava que o volume maior de investimento na saúde seria bom para todos, para a população”. Em Toda Mídia, Nelson de Sá, revelou: “Na página “+ lida” na Folha Online, “O PSDB perdeu”, de Kennedy Alencar. Ou ainda, “os dois candidatos à Presidência da República, José Serra e Aécio Neves, foram derrotados pelos tucanos do Senado”, um grupo “liderado por FHC”.
Fernando de Barros e Silva analisa, em artigo à Folha, um a um quem ganhou e quem perdeu com o fim da CPMF. O texto é longo, mas ilustrativo: “O governo decerto perde – e muito-, mas desta vez cai de pé. Fica sem o dinheiro, mas ganha um discurso. Verdade ou não, vai transferir para a oposição a culpa pelo sumiço de R$ 40 bilhões da saúde. E saberá se segurar sem eles. (...) Os “demos” do PFL só podem estar como pintos no lixo – chafurdando em felicidade. São os pequeninos grandes vitoriosos da madrugada. Jogaram seu papel. (...) E o PSDB? Venceu contra si mesmo. Serra e Aécio, os governadores presidenciáveis, ficam sem dinheiro e sem discurso. Queriam a CPMF e foram derrotados com Lula. Não é algo fácil de entender. (...) Mas Arthur Virgílio, o Jim Jones do tucanato, só liderou a bancada na ponta da faca porque tinha o respaldo e retaguarda de Fernando Henrique. Visão estratégica? Vitória da democracia? PARECE SÓ INVEJA HISTÓRICA (destaque meu). Seria melhor que não fosse. Como FHC bem sabe, quem paga o pato não é a turma do Paulo Skaf [presidente da FIESP].” O consumidor foi o beneficiado? Em parte sim. Só em parte. É o que diz a Folha, em manchete de Primeira Página: “Ganho para consumidor é pequeno”, afirmando ainda: “O fim da CPMF não trará economia expressiva ao dia-a-dia dos consumidores. Embora sua arrecadação anual seja alta, SEU CUSTO MENSAL É PEQUENO COMPARADO AO DE OUTROS TRIBUTOS (destaque meu)". Por que, então, não lutar contra esses OUTROS TRIBUTOS? É que com fim da CPMF o governo Lula não poderá aplicar o dinheiro em benefício da população. Diz Gustavo Patu, na Folha: “Novo cenário torna menos ambiciosos os planos do Planalto, a começar pelo “PAC da Saúde”, que teria R$ 4 bilhões novos em 2008”. Sem comentários!
Arthur Virgílio, o novo herói de FHC, foi um crítico mordaz de José Serra. Renata Lo Prete, no Painel da Folha (14/12), revela: “O que Virgílio disse de José Serra nos últimos dias ninguém disse de Lula nem na CPI do Fim do Mundo [CPI dos Bingos]”. Essa e outras declarações contra o governador de São Paulo levaram o deputado Maurício Rands (PT-PE) a dizer: “Quem disse que os tucanos não têm projeto? Eles têm um projeto claro: impedir que o Serra chegue à Presidência da República”. Conseguirão? A união Virgílio-FHC não é bem vista por um governador tucano, segundo informa Mônica Bergamo, em sua Coluna na Folha de 14 de dezembro. Eis o desabafo do governador do PSDB: “Ninguém de prestígio no PSDB vai comemorar [o fim da CPMF], ainda mais porque os indicadores econômicos vão piorar. Só o [senador] Arthur Virgílio, que teve 3% dos votos quando disputou o governo da Amazonas, e o Fernando Henrique [Cardoso], que tem uma das piores avaliações entre todos os políticos do Brasil”. Palavras de um dos cinco governadores do PSDB – que batalharam pela prorrogação do imposto e foram derrotados por FHC.” Ainda segundo Mônica Bergamo: “O governador José Roberto Arruda, do DEM, fez as contas e acha que o DF [Distrito Federal] perde R$ 250 milhões com o fim da CPMF”. Até governador do DEM é vítima do fim do imposto tão combatido pelo partido!
Arthur Virgílio, em entrevista ao Estadão, confirmou o desentendimento com o governador paulista: “Disse a Serra que não tinha como mudar a posição [contra a CPMF]. Aí, ele disse: “Isso é uma loucura”. Então eu respondi: “Eu sou louco, um louco que vai manter a sua palavra até o final. (....) UMA CONVERSA QUE PODERIA TER SIDO MAIS AGRADÁVEL (destaque meu) porque eu te admiro muito e tanto te admiro que defendi seu nome duas vezes para a Presidência”. Então, a informação do Painel da Folha, transcrita neste artigo, é confirmada pelo próprio líder tucano no Senado. Não é invenção!
Como vimos, Lula, Serra e outros governadores tucanos foram derrotados com o fim da CPMF. Resta agora analisar a frase do governador Teotônio Vilela (PSDB): “Perde Alagoas e perde o Brasil”. Cada um tire suas próprias conclusões!
JASSON DE OLIVEIRA ANDRADE é jornalista em Mogi Guaçu
Dezembro de 2007

Postado por Redação Portal Mogi Guaçu

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