sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Bolívia denuncia novamente espionagem americana no país. E financiamento de opositores por meio da USAID.

S.O.S: mão estadunidense na Bolívia
Escrito por Mario Hubert Garrido
Correio da Cidadania
27-Fev-2008

Em um complexo panorama político, no qual prefeitos opositores atentam contra a gestão do governo do presidente Evo Morales, as mais recentes evidências de espionagem da Embaixada estadunidense na Bolívia constituem mais do mesmo.
Durante décadas de ditadura militar e em pouco mais de 20 anos de democracia para os governos neoliberais de turno, as "andanças" pela Paz dos agentes de Washington eram operações de rotina.
Então, o modelo de desenvolvimento se impunha de forma aberta, sobre o setor minero e os hidrocarbonetos, onde os lucros iam parar no país do norte ou nas transnacionais, com ou sem o visto do Congresso.
Desde o dia 22 de janeiro de 2006, após Evo Morales assumir a presidência, primeiro mandatário de origem aimara, as coisas se tornaram mais difíceis e, apesar de o atual governo ter prometido manter relações com todos os países, incluindo Estados Unidos, os obstáculos começaram a surgir.
USAID no banco dos acusados
Em agosto de 2007, o ministro da presidência, Juan Ramón Quintana, apresentou a primeira denúncia pública contra a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), por desconhecer leis nacionais.
Quintana confirmou desvios milionários de fundos para patrocinar ações de pessoas e grupos adversos ao presidente Morales, através de Organizações Não Governamentais.
Segundo a autoridade, até essa data, 89 de 134 milhões de dólares provenientes da cooperação dos Estados Unidos financiaram setores opositores. A resposta da USAID foi o silêncio cúmplice e a exposição de argumentos nos quais, segundo pesquisas, ninguém acreditou.
Outras interrogações a serem esclarecidas pelos Estados Unidos em sua relação com Bolívia têm a ver com uma polêmica fotografia, onde o embaixador Philip Goldberg aparece na feira comercial de Santa Cruz junto a um mafioso colombiano. A imagem foi apresentada pelo presidente Morales na XVI Cúpula Ibero-americana, realizada no Chile, para recalcar as denúncias dos nexos dos EUA com delinqüentes e desafetos ao processo de mudanças.
Grupos irregulares
Por outra parte, o ministro de Governo, Alfredo Rada, denunciou a atividade de grupos irregulares de inteligência como a denominada Organização de Estudos Policiais (ODEP), que realizava espionagem e armou campanhas de desprestígio para desestabilizar a Bolívia.
Rada adiantou que apresentará um informe à Fiscalia sobre essa agrupação anteriormente conhecida como Comando de Operações Especiais (COPES), financiada pela embaixada de EUA em seu país.
Em declarações à Prensa Latina, assinalou que convocará o embaixador Goldberg para que explique o apoio a essa organização.
Após uma denúncia anônima sobre o seguimento a políticos e jornalistas, a autoridade revelou a existência de três grupos paralelos de Inteligência da Polícia Nacional.
Entre essas organizações, mencionou a ODEP ou COPES, o Grupo de Tarefa de Investigação de Delitos Especiais (GTIDE) e o Grupo de Segurança Antiterrorista, encarregado da segurança da embaixada estadunidense.
Rada pôs como exemplo os seguimentos que esses grupos fizeram à delegação do Irã que visitou o país em setembro de 2007 para negociar com o governo boliviano.
Entre outras novas tentativas de espionagem dos Estados Unidos na Bolívia, verificou-se, atualmente, o emprego de estudantes.
Alex Shaick, um bolsista beneficiário do programa de intercâmbio estudantil Fullbright, denunciou que a embaixada norte-americana pediu-lhe informação sobre trabalhadores venezuelanos e cubanos que trabalham na Bolívia.
Segundo Shaick, o diplomático Vincent Cooper solicitou-lhe espionar para o governo dos Estados Unidos.
Especialistas locais estimam que o embaixador Philip Goldberg, célebre por seu papel sedicioso em Kosovo, deverá explicar esta denúncia em uma reunião com o governo pelo suposto financiamento a grupos irregulares de inteligência.
Por sua parte, o Departamento de Estado norte-americano negou as acusações e alegou que tais solicitações contrariam suas normas.
No entanto, Schaick assegurou que, durante uma reunião sobre as medidas de segurança para sua permanência na Bolívia, Cooper pediu-lhe reportar à embaixada os nomes e a localização dos cooperantes venezuelanos ou cubanos que conhecesse.
A embaixada estadunidense admitiu em uma declaração escrita que algumas reuniões sobre segurança incluíram "informação incorreta", o que prometeu solucionar de imediato.
Na Bolívia, há, atualmente, seis bolsistas do programa Fullbright, que são proibidos de fazer declarações à imprensa.
ATPDEA, TLC e "COCA ZERO"
O próprio chefe de Estado reconheceu os benefícios que o mercado estadunidense traz ao Estado boliviano, sobretudo na indústria manufatureira. Nesse campo, a prorrogação de preferências tarifárias, segundo a chamada Lei de Promoção Comercial Andina e Erradicação da Droga (ATPDEA, por suas siglas em inglês), permitia a entrada dos produtos e a geração de milhares de empregos na nação andina.
Segundo estatísticas oficiais, em 2006, o comércio boliviano com Estados Unidos gerou 356 milhões de dólares para a economia local. No entanto, a Casa Branca deu luz verde somente para o Peru e para a Colômbia sobre a ampliação desse benefício, que vence no próximo dia 28 de fevereiro de 2008. Trata-se das únicas duas nações cujos governos assinaram os Tratados de Livre Comércio, fórmula à qual, entre os países andinos, se opõem Bolívia e Equador.
A esse respeito, Evo Morales reiterou que Washington não deve discriminar a ninguém e que a política deve buscar um comércio justo, a tempo de remarcar que, nas relações com os Estados Unidos, primará a dignidade dos bolivianos.
Em 2007, o Executivo aprovou um orçamento para que os exportadores possam obter créditos que os ajudem a ingressar nesse mercado. Também o governo central negocia alternativas comerciais com a Comunidade Andina de Nações, com a China e com o Mercado Comum do Sul, após a eventual perda das preferências tarifárias com os Estados Unidos.
A política de erradicação da folha de coca, cultivo milenar, realiza-se em consenso com os camponeses, segundo Morales, independentemente das pressões da potência do norte.

Texto originalmente publicado em
www.adital.com.br

Etiquetas: , , , , , , ,

I heart FeedBurner Monitorado por Cyclops

Glifosato Round-Up da Monsanto não consegue vencer ervas daninhas. Alguém mentiu sobre as virtudes da soja transgênica. Bastante.


Erva daninha está derrotando o uso do glifosato, diz Claspar
28/02/2008
A Empresa Paranaense de Classificação de Produtos (Claspar) anuncia que desmistificou a informação de que a soja transgênica seria imune às ervas daninhas e que as pragas poderiam ser combatidas com eficiência e com menores custos com a aplicação do glifosato Round-Up, o agrotóxico da Monsanto.
“A erva daninha buva tornou-se resistente ao glifosato e agora os produtores estão sendo aconselhados a capinar suas lavouras de transgênicos ”, afirma o engenherio agrônomo Valdir Izidoro Silveira, presidente da Claspar.
Técnicos do Departamento de Fiscalização Sanitária da Secretaria da Agricultura constataram que a erva “buva” infestou as lavouras de soja do Oeste paranaense e a aplicação de glifosato não conseguiu eliminá-la. Os produtores de soja foram obrigados a utilizar outros herbicidas como o 2,4D, Gramocil e Classic, entre outros.
A “buva” compete com a soja, reduzindo a produtividade da lavoura. Como há dificuldade de controle químico pelos herbicidas na soja e como ela se espalha rapidamente por meio das sementes levadas pelo vento, a única forma de diminuir o problema na atual safra é realizar a catação manual ou capina.
“Nesta safra, não existe mais possibilidade de realizar o controle cultural e os herbicidas não têm se mostrado eficientes”, alerta o pesquisador Lineu Domit, da Embrapa-Soja.
Já Dionísio Gazziero, também da Embrapa-Soja, recomenda a rotação de soja convencional com a soja transgênica.
Segundo Valdir, isto é um contra-senso porque esta recomendação desmistifica a superioridade da soja RR sobre a convencional. “Mentiram para os agricultores brasileiros”, afirma o presidente da Claspar.
De acordo com um levantamento realizado pelo Detec da Coamo, em algumas partes das regiões Noroeste e Oeste do Paraná já é bastante visível a resistência da buva ao defensivo. A semente da buva pode ser levada pelo vento até por 65 quilômetros de distância, e por isso se dissemina facilmente com muita rapidez.
O agrônomo Valdir Izidoro alerta também que a buva não é única planta daninha resistente ao glifosato. No Brasil já existem oito espécies que apresentam resistência a herbicidas, entre elas a ‘buva’, o ‘azevém’ e o ‘leiteiro’. A ‘buva’ pode ser encontrada em cinco espécies no mundo, sendo que no Brasil existem duas e são resistentes.
A resistência da “buva” é explicada pela seleção natural. Com o passar dos anos, as mais fortes que não morriam com o glifosato, foram se reproduzindo e agora está quase impossível controlar a planta. O engenheiro agronômo José Carlos Braciforte apresenta duas opções. Para os donos de pequenas áreas, o negócio é voltar ao passado e capinar a lavoura. Já para os grandes produtores, e preciso torcer para que as perdas não sejam muito grandes.

Etiquetas: , , , , , , ,

I heart FeedBurner Monitorado por Cyclops

Bancários vão à Alesp para cobrar CPI sobre a Nossa Caixa

São Paulo - A instalação imediata de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) foi exigida por bancários, profissionais da saúde, da educação, entre outras categorias e diversos movimentos populares, durante manifestação ocorrida na quarta, dia 27, na Assembléia Legislativa de São Paulo (Alesp).
> Veja fotos da manifestação na Assembléia Legislativa
No final do ano passado, graças a manobras da bancada governista na Alesp, não foram realizadas CPIs que investigariam suspeitas de irregularidades no CDHU, licitações do Metrô, na Nossa Caixa, entre muitas outras.
“Todas as denúncias devem ser rigorosamente averiguadas e, caso haja a comprovação de fraude, os recursos devem retornar à sociedade e os culpados punidos rigorosamente”, diz o diretor do Sindicato e funcionário da Nossa Caixa Antonio Sabóia Júnior, que participou da manifestação organizada pela liderança do Partido dos Trabalhadores (PT) na Alesp.
Defesa – O dirigente reforça também que aumentaram os ataques do governo tucano contra as estatais paulistas. “A Nossa Caixa é uma das mais atingidas. A instituição teve de ‘comprar’ as contas dos servidores públicos estaduais por R$ 2 bilhões e quem está pagando a conta são os funcionários que estão sendo penalizados com as péssimas condições de trabalho, com o assédio moral e também na redução da PLR”, destaca o dirigente.
Leia mais
> Em vídeo: Bancários da Nossa Caixa em ato contra privatizações
> Trabalhadores abrem canal de diálogo com governo do estado
> Nossa Caixa tenta excluir bancários de debate sobre a privatização
> Ato mostra prejuízos que as privatizações trazem à sociedade
> Citibank vai comandar privatizações de Serra
> Secretário não responde sobre privatização da Nossa Caixa
> Entenda o que Serra pretende
Jair Rosa - 27/02/2008

Etiquetas: , , , , , , , ,

I heart FeedBurner Monitorado por Cyclops

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Declaradamente agnóstico, O CATA-MILHO reproduz matéria da Folha Universal, que trava batalha contra o imprensalão!!

Imprensa tenta intimidar evangélicos
Ed. 829
Os integrantes da Igreja Universal do Reino de Deus encontraram na Justiça uma arma de defesa contra o preconceito religioso do qual têm sido vítimas. Mais de 50 membros recorreram à Justiça por sentirem-se ofendidos por uma reportagem publicada pela “Folha de S. Paulo”, e outros tantos começam a articular processos contra “O Globo”, do Rio de Janeiro pela mesma razão. O corretor de imóveis Claudio Bendia é evangélico e mora no Rio de Janeiro. Ele, a mulher e a filha freqüentam a Igreja Universal do Reino de Deus há três anos e ficaram perplexos quando leram no “O Globo” a manchete: “Igreja Universal tenta intimidar jornalistas”. Ele ficou indignado ao ver que em vários trechos do texto, a Universal é classificada como seita. “Seita é movimento fechado. A IURD é aberta. Eu mesmo precisei de ajuda, procurei a igreja e fui atendido. Chamar de seita é discriminar”. Claudio decidiu entrar com uma ação na Justiça contra o jornal. A reação do corretor Claudio coincide com a de dezenas de membros diante de outra reportagem, publicada pela “Folha de S. Paulo” sob o título: “Universal chega aos 30 anos com império empresarial”. Ao falar sobre as ofertas em dinheiro que sustentam a Igreja, a jornalista Elvira Lobato afirma: “Uma hipótese é que os dízimos dos fiéis sejam esquentados em paraísos fiscais”. Mais de 50 membros entraram com ações pedindo indenização por danos morais. Todos dizem que foram atingidos pela insinuação de que o dinheiro do dízimo tem origem ilícita. São 56 ações movidas contra a “Folha de S. Paulo”. A previsão é que ocorram novas ações contra o jornal nas próximas semanas.Falar em seita “é discriminar” O dicionário Houaiss da Língua Portuguesa registra entre vários significados, que a palavra seita quer dizer “grupo de indivíduos partidários de uma mesma causa, partido, bando ou facção”.
O sentido preconceituoso da palavra é confirmado por Lucelmo Lacerda, especialista em História das Religiões: “A IURD não é um grupo pequeno e nem fechado. Associá-la com a palavra seita é uma forma de tentar marginalizá-la. É algo criado pela Igreja Católica para tornar herege qualquer movimento que não concorde com ela”. Paulo Nogueira, doutor em ciência da religião concorda: a expressão usada pelo jornal “O Globo” é carregada de preconceito: “Sociologicamente, seita caracteriza um grupo pequeno, fechado, que não se relaciona com a sociedade. A Universal é diferente: está presente na mídia, na política, no trabalho social”. Segundo ele, quando se adota esse termo em relação a IURD, a intenção é pejorativa.

Etiquetas: , , , , , ,

I heart FeedBurner Monitorado por Cyclops

Chico Pinto, cassado por criticar Pinochet

Jasson de Oliveira Andrade
Fotos: Reprodução

No dia 19/2/2008, morreu, aos 77 anos, vitimado por um câncer, o ex-deputado Chico Pinto. Tornou-se famoso na década de 70, quando pronunciou um discurso contra a visita do ditador chileno ao Brasil, na posse de Geisel. Por este discurso, ele foi cassado e preso. Teve ainda destacada atuação no MDB autêntico. Apesar dessa famosa carreira, a morte dele não foi noticiada na imprensa. Apenas a Folha, na seção MORTES, publicou, no dia 23 de fevereiro, uma pequena nota de Willian Vieira, sob o título “Chico Pinto, autêntico mesmo no MDB”.

Em 3/1/2008, Chico Pinto foi entrevistado pelo jornalista Cláudio Leal para o Terra Magazine. O que se vai ler a seguir são alguns trechos dessa longa e definitiva entrevista. São dados importantíssimos e que precisam ser conhecidos. Não se deve esquecer um parlamentar que honrou a política brasileira.

Em 1964, [ depois do Golpe militar ] fora deposto da prefeitura de Feira de Santana, na Bahia. [ Chico Pinto ] Fez, sozinho, sua defesa no tribunal militar. Absolvido, partiu para novo encontro com as urnas, elegendo-se deputado federal. Ele declarou ao jornalista: “No meu primeiro discurso na Câmara terminei falando: “Brasil acima de tudo!”. Era um recado pra eles. Médici quis me cassar por esse discurso. Proibiram a publicação no Diário Oficial, enquanto eles decidiam. A notícia é que eu seria cassado. Os jornalistas: “ó, você vai ser cassado...” (...) E eles começaram a dizer que era um discurso agressivo, comunista, contra as Forças Armadas. Não pegou porque espalhei o discurso entre os militares conhecidos, muitos deles reimprimiram com os colegas. Criou um clima de resistência. (...) Como é que vão cassar este homem que está defendendo os militares? E como é que eu defendia? Peguei a origem das Forças Armadas brasileiras, toda luta travada contra a escravidão, a resistência de muitos militares daquela época em cumprir a ordem de perseguição aos escravos... A revolução de 22, 24, 25 ... Se não cassaram nesta oportunidade, cassaram-no 10 anos depois.

Prossegue Cláudio Leal. Em 14 de março de 1974, [ Chico ] Pinto discursou contra a presença de Pinochet no Brasil. O general viera [ juntamente com outros ditadores ] prestigiar a posse de Geisel e sugeriu a formação de um eixo Brasil-Bolívia-Chile-Uruguai. Soou o alarme. O deputado do MDB redigiu o discurso com cuidado. Mediu as palavras. Preservou a artilharia verbal. “O que nos vem do Chile de Pinochet é o fechamento de jornais, é a censura desvairada à imprensa remanescente. O que nos vem do Chile é a opressão mais cruel, de que nos dá idéia a reportagem e as fotos publicadas pela revista Visão [ extinta ], do campo de concentração da Ilha Dawson. O que nos vem do Chile é o clamor dos presos (...) Três mil mortos, segundo Pinochet declarou a Dorrit Harazim, da revista Veja. (...) Mas o que nós desejamos, Sr. Presidente, é apenas deixar registrado nos Anais, o nosso protesto e a nossa repulsa pela presença indesejável dos vários Pinochets que o Brasil infelizmente está hospedando. Se aqui houvesse liberdade, o povo se manifestaria seu descontentamento e a sua ira santa, nas ruas, contra o opressor do povo chileno. Para que não lhe pareça, contudo, que no Brasil estão todos silenciosos e felizes com a sua presença, falo pelos que não podem falar, clamo e protesto por muitos que gostariam de reclamar e gritar nas ruas contra sua presença em nosso País”.Em vista desse discurso, aconteceu o fato que o jornalista relata. A pedido do presidente Geisel, o ministro da Justiça Armando Falcão representou contra Chico Pinto, com base num artigo da Lei de Segurança Nacional que vedava ofensas a chefes de nações estrangeiras. Mandato cassado, preso no 1º Batalhão da Polícia Militar de Brasília, Chico Pinto foi libertado em abril de 1975. Dois anos depois, o deputado seria absolvido pelo Supremo Tribunal Federal. Em 17/12/1974, em carta a Geisel recusou indulto de Natal: “Rogo a Vossa Excelência que me livre de mais este constrangimento – o de um perdão que não solicitei”. Willian Vieira revela que ele voltou à Câmara em 1978, afirmando ainda: “Junto com nomes como Jarbas Vasconcelos e Tancredo Neves, foi fundamental no diálogo com os militares para a futura distensão política. Saiu da Câmara em 1990, desiludido”.

O tempo se encarregou de dar razão às palavras de Chico Pinto contra Pinochet. Finda a Ditadura chilena, ele foi preso ( prisão domiciliar por estar doente ) por causa da repressão e acusado de corrupção!

JASSON DE OLIVEIRA ANDRADE é jornalista em Mogi Guaçu

Fevereiro de 2008

Postado por Redação Portal Mogi Guaçu

Etiquetas: , , , , , , , ,

I heart FeedBurner Monitorado por Cyclops

Tapiocas, mensalões e valeriodutos vexados: CESP vale de 3 a 4 vezes MAIS do que o preço que José Serra postula. Olha o tamanho do ROUBO!!!

Sindicato dos Engenheiros: ‘CESP vale 3 a 4 vezes mais que o preço mínimo'
Para Murilo Pinheiro, presidente do Sindicato dos Engenheiros em São Paulo, preço mínimo de R$ 7 bilhões é irregular pois só ativos da usina Porto Primavera chegam a R$ 12 bi e, com a usina Três Irmãos, valor da CESP pode quadruplicar o mínimo
“O preço mínimo da Cesp está muito aquém do real patrimônio. Não foram avaliados os ativos da usina de Porto Primavera. Os custos de tais bens dariam um montante de R$ 12 bilhões”, afirmou ao HP o presidente do Sindicato dos Engenheiros no Estado de São Paulo (SEESP), Murilo Pinheiro, considerando que há “irregularidades na composição do preço mínimo” de cerca de R$ 7,05 bilhões para o leilão da Companhia Energética de São Paulo (Cesp), marcado para o dia 26 de março.
Segundo Pinheiro, o patrimônio real da estatal “equivale ao custo de reposição da empresa. Assim, deveria ser três a quatro vezes maior do que o indicado como valor mínimo, levando em conta o valor de reposição também da usina Três Irmãos”, ou seja, entre R$ 21 bilhões e R$ 28 bilhões.
“Pela importância estratégica da energia ao desenvolvimento nacional e necessidade de investimentos para manutenção e ampliação do sistema, não se deveria entregar esse patrimônio público a particulares. As privatizações havidas no setor, em especial nos anos 90, apontam os equívocos dessa escolha. Entre os resultados mais do que conhecidos estão aumentos extraordinários nas contas de luz, queda na qualidade dos serviços e nenhum investimento na expansão, apesar de previsto nos contratos de concessão”, disse o engenheiro.
Na avaliação do presidente do SEESP, “a visão que tem norteado o governo do Estado é de que a Cesp não tem mais para onde se expandir, já é uma empresa pronta”. Porém, ele considerou que há capacidade de ampliação de 15% a 20% no caso de Porto Primavera e de outras usinas. “Dá para ampliar, isso era possível e teria que estar previsto. Se deixarmos dessa forma vai haver falta de energia”.
Pinheiro criticou o veto à participação de estatais estaduais de energia, como Copel e Cemig, no leilão (internacional) da Cesp, “o que fere o princípio republicano”.
VALDO ALBUQUERQUE
Trabalhadores e estudantes nas ruas em defesa da CESP
As centrais sindicais CUT, CGTB e CTB, a Apeoesp, o Sindsaúde e as uniões estudantis UNE, UBES, UPES e UMES realizam nesta sexta-feira (29), às 14 horas, uma manifestação em frente ao Palácio Bandeirantes, sede do governo paulista, quando será cobrado ao governador José Serra a suspensão do leilão de privatização da Companhia Energética de São Paulo (Cesp), marcado para o dia 26 de março.
Segundo o manifesto de convocação do ato, “ao abrir mão da geradora, uma das maiores do país, o governo desiste também de um importante instrumento de indução do desenvolvimento. Como se sabe, geração de energia não é qualquer atividade econômica, mas sim interesse de Estado com importantes repercussões na vida da população, na atividade industrial e na economia em geral”.
“Já foi comprovado, na prática, que a privatização de empresas de geração de energia significa tarifa mais cara, apagão e desemprego”, afirmou o vice-presidente da Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), Ubiraci Dantas de Oliveira (Bira).
Para o presidente do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), Carlos Ramiro de Castro (Carlão), “as políticas levadas a cabo por este grupo que governa o Estado há 13 anos, que prioriza a privatização de estatais e setores essenciais, como o que está acontecendo com a Cesp no momento, com a linha 4 do Metrô, com a concessão de rodovias estaduais, além da precarização do serviço público na área da saúde, da educação e da segurança pública, atinge toda a sociedade paulista”.
A campanha contra a privatização da Cesp foi deflagrada no dia 18 pelas centrais sindicais com uma manifestação no centro da capital.
29/02/08
CAPIVARA DA PRIVATARIA
MEMÓRIA
Banespa e ‘‘rombos’’
Aloysio Biondi
, Jornal Diário Popular , sexta-feira 30 de junho de 2000
No mês de maio, o Banespa teve um lucro na faixa de R$ 120 milhões, retomando assim a média mensal que lhe permitiu lucrar mais de R$ 1 bilhão no ano passado. O resultado exige a reflexão dos paulistas, pois volta a desmentir os argumentos apresentados para justificar a ‘‘privatização’’ do banco, vergonhosamente entregue pelo governo Mario Covas ao governo federal. O Banespa nunca esteve ‘‘quebrado’’ — pois tinha bilhões a receber do governo do Estado, uma situação totalmente diferente dos bancos privados que ‘‘quebraram’’ porque deviam aos depositantes, investidores em fundos que eles administravam etc., uma cifra muito superior aos valores que tinham a receber como retorno dos empréstimos que haviam feito. ‘‘Rombo’’, como você sabe muito bem, é quando alguém tem mais dívidas do que créditos. É o caso, por exemplo, do Banco Nacional, que tinha um ‘‘rombo’’ tão gigantesco, que o governo despejou nada menos de R$ 15 bilhões em seu ‘‘socorro’’.
Além de não apresentar ‘‘rombo’’, o Banespa é altamente lucrativo — como ficou demonstrado anos depois da ‘‘intervenção’’ combinada entre o governador Mario Covas e o presidente FHC. E é essa lucratividade que continua evidente, nos resultados de maio último. E são eles que, na verdade, devem ‘‘explodir’’ como autêntica bomba, dentro do próprio Judiciário, contra a ‘‘privatização’’ do Banespa. Por que? Como você sabe, há várias ações judiciais contra a venda do banco. Uma delas, que a grande imprensa procura esconder, é de autoria de nada menos de 11 procuradores da República — esses promotores fantásticos do Ministério Público que estão tentando combater a corrupção, negociatas e desmandos de governantes no Brasil ( e que, por isso mesmo, o honesto governo Fernando Henrique Cardoso tentou silenciar, com a chamada ‘‘lei da mordaça’’ ).
Pois bem: nessa ação, os procuradores apontam mais de 20 ilegalidades e irregularidades na privatização do Banespa, transformada em negócio suspeito. Você sabe o que aconteceu? A Justiça confirmou que as irregularidades e ilegalidades existem e suspendeu temporariamente o processo de leilão do Banespa. Mas essa decisão foi cancelada, dias mais tarde. Por que? A Justiça mudou de ponto de vista? Não. Ela reiterou que há irregularidades e ilegalidades no processo. Mas aceitou o ‘‘argumento’’ apresentado pelo governo federal de que o atraso na privatização do Banespa traria um prejuízo ao Tesouro da ordem de R$ 400 milhões — em um ano.
Que prejuízo seria esse? O governo diz que, se o Banespa fosse vendido por R$ 2 bilhões, usaria o dinheiro para reduzir a dívida do Tesouro, que paga juros de 20% ao ano, e representam portanto R$ 400 milhões (20% sobre os R$ 2 bilhões) ao ano. Os lucros de maio mostram mais uma vez que o argumento é mentiroso. Se ficar com o Banespa, o governo participará dos lucros de R$ 1 bilhão ao ano, ou duas vezes e meia o tal ‘‘prejuízo’’ de R$ 400 milhões. A Justiça vai enxergar a verdade. A privatização do Banespa continuará adiada. O povo paulista ganha tempo para organizar movimentos que a impeçam definitivamente.
“Rombos?" Covas e os paulistas
Aloysio Biondi, Jornal Diário Popular , sexta-feira 22 de outubro de 1999
Eletrizantes. Muita gente recortou e guardou em seus arquivos, durante anos, discursos que o senador Mário Covas fez no Congresso. Lideranças de seu partido de então defendiam o apoio a teses antidemocráticas do presidente da República. Coerente, fiel a seus princípios e seu eleitorado, Covas cuspia fogo, da tribuna, clamando que seu partido havia enfrentado a ditadura militar e não podia, em plena democracia, renegar o passado e se dobrar servilmente ao Presidente da República. Sua veemência levantou a bancada do partido. Os anos se passaram, chegou o “Brasil moderno”. Há dois domingos, os paulistas tiveram a oportunidade de avaliar a evolução de seu governador. O jornalista Bóris Casoy, que o entrevistava, questionou Covas sobre a privatização do Banespa e suas críticas ao secretário da Receita Federal, por causa da multa de 2,8 bilhões de reais aplicada ao banco. A resposta veio rasteira e rápida: “Eu quero é o “meu” (dinheiro). Quem é o culpado por essa multa é que deve pagá-la”. Para avaliar melhor a atitude do governador, é preciso recapitular alguns fatos:
Intervenção – o Banespa sofreu intervenção do governo federal, às vésperas da posse de Covas. O Banco Central alegou que o banco paulista estava “quebrado”. O tempo se encarregou de mostrar que isso era mentira, como deixou claro também que os interventores do Banco Central “falsificaram” balanços do Banespa para inventar prejuízos. Motivo das manobras: convencer os paulistas da (falsa) necessidade de privatizar o Banespa. O governador Covas foi conivente.
Prova definitiva – agora, preste atenção. A multa aplicada pela Receita Federal tem uma importância imensa, que a grande imprensa não destacou até agora. Qual é? Veja bem: o Banespa foi multado exatamente porque seus diretores, os interventores do governo federal fizeram (outros) balanços falsos, para criar prejuízos inexistentes ou reduzir os lucros. Reflita um minuto: o episódio da multa revelou, para a sociedade brasileira, aquilo em que ela se recusava a acreditar: o governo FHC/Malan & Cia. Falsificava até balanços para forçar a privatização, isto é, para poder doar patrimônio coletivo a determinados grupos empresariais, brasileiros ou multinacioanis. Há governadores coniventes com esse autêntico assalto, em que bilhões e bilhões de reais pertencentes aos contribuintes, isto é, trabalhadores, classe média, empresários, agricultores são transferidos para os bolsos e os cofres de grupos que enriquecem cada vez mais.
A esta altura você deve estar pensando com seus botões: “Pelo menos, o governador Covas está defendendo os contribuintes de São Paulo, recusando-se a pagar a multa”. Engano seu. Pense bem: os balanços falsificados representam prejuízos giantescos ao Estado ( aos paulistas ), que continua a ser acionista do banco, e Covas não tocou nesse assunto. Continua conivente. “Atrelado” ao governo FHC e às manobras sujas da política de privatização. Passado esquecido. E há mais aberrações nesse caso, como se verá nesta coluna no domingo.
À beira do naufrágio
Aloysio Biondi
Revista dos Bancários
Ed. 40 - Jan/ 99
O acordo proposto com o FMI é tão humilhante que impede o governo brasileiro de adotar decisões para reduzir as dívidas externa e internaPor Aloysio Biondi‘Agora não é o cachorro que balança o rabo. É o rabo que está balançando o cachorro.” Quem tem memória, e idade, certamente se lembra dessa ironia, repetida milhares de vezes nos anos 70 e começo dos anos 80, quando a dívida externa brasileira explodiu. Não pense que se tratava de força de expressão, coisa de economistas de oposição, ironicamente os homens que hoje estão no poder. Era pura verdade. O Brasil não conseguia adotar política econômica para administrar seus problemas, inclusive a dívida – porque tudo girava em torno dela.
O país sofria um “estrangulamento cambial”, falta de dólares, como gostavam de dizer os opositores, amigos do então sociólogo Fernando Henrique Cardoso. Hoje o Brasil vive exatamente a mesma situação. Após “arrombar” seu mercado a importações, atrair capitais especulativos, adotar taxas de juros altíssimos, arrebentar com esses juros, o Tesouro da União, estados e municípios, o Brasil foi “vítima” do socorro do FMI e governos "muy" amigos. O acordo proposto é tão humilhante que impede o governo brasileiro de adotar decisões para reduzir a dívida externa de 220 bilhões de dólares, e a própria dívida interna, de 400 bilhões de reais. No passado, a dívida deixou o Brasil nas mãos dos credores a um ponto igualmente inimaginável. Suponha que um país rico, como os EUA ou a França, se dispusesse a emprestar 1 bilhão de dólares de que o Brasil precisasse desesperadamente para pagar compromissos que estavam vencendo. Os emprestadores se contentavam em cobrar taxas de juros, mesmo que mais altas? Nada disso. Eles chegavam para os governantes brasileiros e diziam: - Olhem, a gente empresta aquele 1 bilhão que vocês querem. Mas, sabe como é, além desse 1 bilhão os senhores vão ter de tomar emprestados outros 2 bilhões de dólares...
Os empréstimos “extras” tão solicitamente oferecidos por empresas daqueles países, mesmo que seus produtos já fossem fabricados no Brasil. O país era obrigado a comprar, a crédito, produtos e serviços de que não precisava, e foi assim que comprou trens elétricos da França, aceitou fábricas de automóveis ou trigo dos EUA, e até o famoso programa nuclear imposto pela Alemanha, que desejava vender usinas atômicas para garantir encomendas aos fabricantes do setor.
O presidente Fernando Henrique Cardoso, se quisesse, poderia enfrentar o FMI e Clinton e buscar alternativas. Primeiro porque, no plano interno, a situação da economia brasileira é totalmente diferente do estágio em que se encontrava naquela época. Segundo, porque no plano externo há grandes mudanças no cenário internacional, com enfraquecimento da posição de hegemonia dos EUA e ascensão da Europa. O FMI, o governo Clinton e os banqueiros internacionais estão brincando de “gato-e-rato” com o governo FHC e o Brasil. Nesse jogo os principais lances levam os nomes de: “rambo” do Tesouro; disparada das taxas de juro; falta de dólares; confiança dos investidores/credores; buraco das privatizações; estratégia da recessão e, finalmente, a entrega do petróleo e BB. Você pode ver, agora, como é o “jogo de gato-e-rato” na prática.
O “rambo” do Tesouro, ou mais precisamente, do setor público, englobando União, estados e municípios explodiu por causa dos juros nas alturas. Juros utilizados exatamente para atrair aplicações em dólar capazes de compensar o “rambo”, a torra de dólares provocada pelas importações gigantescas resultantes do “escancaramento” do mercado. Neste ano, o “rambo” chegou a incríveis 75 bilhões de reais, ou 8,3% do PIB, ou o dobro dos 4,1% do PIB de 1997 no acumulado de doze meses até outubro. Por causa de todos esses “rambos”, a dívida do setor público no Brasil vai estar perto dos 400 bilhões de reais no final do ano – ou sete vezes os 60 bilhões de reais devidos no começo do primeiro mandato de FHC. O tamanho da dívida, e dos “rambos”, assusta os credores, que temem que o Brasil, de um hora para outra, “dê o calote”, declare “moratória”. Por isso mesmo, o FMI quer que o Brasil reduza violentamente o rombo em 1999, com o tal “ajuste fiscal”. E é aqui que o jogo de “gato-e-rato” entra em cena. Por quê? O FMI quer que o déficit total não passe de 4,7% do PIB ( contra 8,1% a 8,3% em 1998 ). Isto é, um “rambo” de 43 bilhões de reais, contra 75 bilhões de reais este ano. Como o governo brasileiro vai chegar lá? Reduzindo os juros, a causa do “rambo” ? Não. Vai ser forçado a ter saldo positivo, entre todas as despesas e receitas, de 23 bilhões de reais. E gastará em juros nada menos que 66 bilhões de reais ( isto é, o saldo positivo geral de 23 bilhões compensará uma parte dos juros, mas ainda ficará um “rambo” ). O FMI não permite que o Brasil reduza os juros. E isso não é força de expressão.
Falta de dólares – Parece loucura, mas o FMI proibiu o Brasil de “manter” reservas abaixo de 20 bilhões de dólares. Está aí o “jogo de gato-e-rato”: obviamente, o Brasil não pode “imprimir” dólares para formar suas reservas. Elas dependem, óbvio, de o país conseguir saldos positivos em seus negócios com o exterior e ainda ter a confiança dos banqueiros/investidores internacionais, ou mesmo das multinacionais, capazes de fazer novos investimentos no país. E essa confiança, por sua vez, depende de o Brasil reduzir o “rambo” do setor público e cumprir as demais metas do FMI. Missão impossível. O rabo balançando o cachorro.Se as reservas começarem a cair, o Banco Central não poderá adotar medidas contra a fuga de capitais ou controles sobre importações para segurar os dólares. Terá de reduzir... a quantidade de dinheiro em circulação. Na visão do FMI, com menos dinheiro disponível, as taxas de juro voltarão a subir, e não será vantajoso comprar dólares ou remetê-los para o exterior. Vale dizer: novamente juros malucos que, de um lado, provocam mais “rambo” do Tesouro, que abala a confiança dos investidores e frustra as próprias metas do FMI. Isso de um lado. De outro, os juros altos voltam a provocar recessão, que também derruba a arrecadação, aumenta o “rambo”, abala a confiança internacional. E, além disso, reduz o interesse das multinacionais em investir no país já que o mercado estará retraído.
Otimismo suspeito – Sempre minucioso, como todo torturador experiente, o FMI diz que o Brasil poderá manter o nível mínimo das reservas porque, entre outros fatores, vai haver “rombo” menor na balança comercial e balança de “serviços” ( juros internacionais, remessa de lucros, assistência técnica, turismo, fretes ). Aqui, o gato está exagerando em seu maquiavelismo. O “rambo” externo do Brasil, na chamada balança de contas correntes ( balança comercial mais a de serviços ) deve chegar aos 35 bilhões de dólares este ano. Segundo o esperto FMI, ele cairá para 26 bilhões de dólares em 1999, isto é, “rambo” 9 bilhões de dólares menor. Você pode descobrir facilmente que essa meta é mentirosa. O Brasil, de acordo com o FMI, depois de sofrer déficit de 6 bilhões de dólares em 1998, conseguiria uma “virada” e teria saldo positivo de 2,8 bilhões de dólares na balança comercial, com crescimento de 7% nas exportações, e queda de 7% nas importações ( neste caso, como conseqüência da recessão ). Ora, como aumentar exportações em 7% com a retração dos mercados mundiais e, principalmente, com a previsível queda nas exportações agrícolas em decorrência da quebra de safras por causa da falta do apoio à agricultura e aos efeitos da La Niña? Na verdade, o Brasil vai precisar importar mais em 1999. Além disso, como acreditar em melhora na balança de “serviços” diante da violenta alta dos juros internacionais sobre os empréstimos ao Brasil? A propósito, os empréstimos da “operação socorro” são um caso de agiotagem internacional nunca visto, com cobrança de uma sobretaxa de 4,6% e que pode chegar a 5,6%. O Brasil pagará o dobro da taxa habitual dessas operações.As metas fixadas com o FMI são inviáveis, e não cumpri-las significa a suspensão do acordo. Por isso, sempre que o acordo perigar, o FMI e Clinton poderão “sugerir” ao governo para acelerar a privatização de estatais – incluindo aí a Petrobrás, o BB, o Banespa e as últimas energéticas. O Brasil inteiro viu a inutilidade das privatizações, que só empurraram ainda mais o país para o buraco, já que as ex-estatais, privatizadas, passaram a remeter lucros, pagamentos de assistência técnica etecetera para o exterior. Isto é, as privatizações aumentaram o “rambo” para sempre. E quanto maior o “rambo” pior, muito pior para o povo brasileiro, que terá de enfrentá-lo.
E prá finalizar...
Serra é muito cara-de-pau ao tentar explicar o destino que dará à pouca grana que - tomara que não - receberá na "venda" da CESP: rodovias, Metrô, "educação", ou seja, de forma genérica.
Acontece que o próprio Metrô está na mira de sua vigarice privatista. O mesmo vale para cada palmo de estrada desse Estado, a Nossa Caixa. Vejam bem: seria o mesmo que dizer, hipotéticamente, que venderia a CESP para descolar grana para injetar na CESP e, depois, privatizá-la, da maneira que nós conhecemos.
Roubo, mentira, tapioca da grossa.
Ou mandioca.

Etiquetas: , , , , , , , , , , ,

I heart FeedBurner Monitorado por Cyclops

Massacre no Império: revoltados com miséria e preconceito, dissidentes são tratados a bala pelo governo americano!!

1973: Revolta de Wounded Knee
No dia 27 de fevereiro de 1973, membros armados do Movimento Indígena Americano ocuparam a reserva de Wounded Knee, no estado de Dakota do Sul.
Eu não estava disposto a viver mais um dia sequer numa sociedade que destrói a cultura e espiritualidade de nosso povo". Assim o lakota-sioux Dennis Banks, co-fundador do Movimento Indígena Americano (MIA), descreveu a situação dos índios dos Estados Unidos no começo dos anos 1970. Ele e muitos outros não queriam aceitar passivamente a destruição de sua cultura e identidade, o novo ataque de multinacionais à procura de recursos naturais e a condenação oficial a receptores de lixo tóxico e radiativo.
Wounded Knee é uma pequena localidade na reserva de Pine Ridge, em Dakota do Sul. Os sinais de uma nova consciência indígena já haviam se tornado evidentes em 1972, quando ativistas de todo o país realizaram um protesto diante da sede do Escritório de Assuntos Indígenas, em Washington, reivindicando o respeito a direitos garantidos por antigos acordos.
Tradicionalistas x progressistas
Pine Ridge era a mais pobre reserva de Dakota do Sul e passava por um conflito tribal entre "tradicionalistas" (de sangue puro) e "progressistas" (mestiços). Os tradicionalistas eram ligados ao MIA. Os progressistas apoiavam o governo, conheciam os meandros da burocracia estatal e embolsavam os recursos destinados à reserva.
A presença do MIA em Pine Ridge serviu de pretexto para o FBI instalar um mestiço alcagüete – o oglala (uma divisão dos sioux) Richard Wilson – no cargo de presidente do conselho tribal. Segundo o ex-procurador substituto de Dakota do Sul Ramon Roubideaux, o principal motivo da revolta, porém, foi a proibição de reuniões públicas, decretada pelos conselhos tribais e imposta com auxílio da polícia, após a fundação do MIA.
Em janeiro de 1973, quando um homem branco que matara um índio foi acusado apenas de homicídio doloso e não culposo, ocorreram os primeiros tumultos que, na noite de 27 de fevereiro, desembocaram na ocupação de Wounded Knee.
As reivindicações indígenas
Segundo o lakota (outra divisão da tribo sioux) Omacha Chanka, que participou da rebelião, os índios declararam a independência da nação oglala (do famoso chefe Touro Sentado) e reivindicaram a extinção dos conselhos tribais corruptos, a destituição de Richard Wilson e a devolução das montanhas Black Hills.
Armados com espingardas, os índios queriam denunciar o descaso da política indigenista do governo Nixon, mas foram cercados por centenas de agentes do FBI, munidos de armas modernas, helicópteros e carros blindados. O confronto teve saldo de dois índios mortos, 500 presos e feridos de ambos aos lados. No 71º dia do cerco, os índios se entregaram, acreditando na promessa de que o governo atenderia suas reivindicações. As autoridades, porém, nada fizeram além de reprimir com violência os nativos considerados politicamente suspeitos, o que causou a morte de mais 60 índios até 1975.
O cerco a Wounded Knee foi reconstituído no documentário Incidente em Oglala, dirigido por Michael Apted, com narração e produção executiva de Robert Redford. Há 175 anos, os índios dos EUA começaram a ser expulsos de suas terras e obrigados a viver em reservas. Junto com os nativos do Alasca, eles totalizam hoje uma população de mais de 2 milhões de habitantes.
Michael Kleff (gh)
27/02/08




LEIA MAIS:
( ... )
Contra-espionagem de Nixon
Em meados do século XIX, a nação dos índios Sioux, por exemplo, um dos povos mais poderosos da América do Norte, lutava para preservar seus territórios
Leonard Peltier aderiu ao movimento logo no início1. Como militante, participou da luta contra o alcoolismo, da distribuição de alimentação e de ajuda, da criação de programas de auto-suficiência, da restauração das atividades religiosas tradicionais e em apoio ao renascimento das línguas autóctones.
O AIM pretendia chamar a atenção para as condições de vida dramáticas dos índios com ações espetaculares, mas não-violentas. Peltier participou, em 1970, da ocupação do Forte Lawton, onde conheceu os principais dirigentes do movimento: Dennis Banks e Russel Means. Em 1972, organizou a Marcha dos Tratados Violados, que terminou com a ocupação da Secretaria de Assuntos Indígenas, em Washington, e uma espetacular repercussão na imprensa. A partir de então, o AIM seria considerado pelo FBI como uma organização “subversiva” e seus líderes, como “inimigos”.
O governo do presidente Richard Nixon criou então o programa de contra-espionagem interna Cointelpro, para infiltrar e desestabilizar as chamadas organizações “subversivas”, entre as quais, o AIM. Em novembro de 1972, acusado de agredir agentes do FBI, Leonard Peltier ficou preso durante cinco meses, antes de ser absolvido, já que o caso fora forjado para comprometê-lo. Foi o início.
O tiroteio de Oglala
Na década de 50, muitos índios, principalmente os jovens, inspiraram-se na contestação política da época e criaram o American Indian Movement (AIM)
Ao mesmo tempo, o FBI manipulou a eleição para a presidência do conselho tribal de Pine Ridge (a principal reserva dos Sioux) de Richard “Dick” Wilson, um “entreguista” que foi eleito com os votos de menos de 20% dos eleitores.. Este teria por missão restaurar a ordem na reserva, considerada o ninho dos “agitadores”. Com fundos secretos, Wilson criou uma milícia, os Goon Squads (Guardians Of Oglala Nation – GOON, ou Guardiães da Nação Oglala). Para protestar contra a brutalidade dos Goon Squads, os Sioux, com a ajuda de militantes do AIM, ocuparam, em fevereiro de 1973, a histórica aldeia de Wounded Knee. Leonard Peltier participou dessa ação. As autoridades sitiaram a aldeia durante três meses, hesitando em invadi-la, e acabaram por matar dois Sioux. Em maio de 1973, os sitiados se renderam após exigir a abertura de negociações sobre os tratados violados e sobre as condições de vida dos índios. Nos meses que se seguiram, “Dick” Wilson e seus Goons tiveram carta branca para atacar os adversários. Uma onda de terror abateu-se sobre Pine Ridge: 80 militantes foram assassinados entre novembro de 1973 e o final de 1975... Diante dos crimes das milícias, os anciãos da tribo pediram ajuda ao AIM. Os militantes – entre eles, Leonard Peltier – intervieram, conseguindo reduzir consideravelmente a repressão dos Goons. Instalaram-se na propriedade de uma família amiga, perto da aldeia de Oglala, na reserva de Pine Ridge. (...)
( Inicia e continua em "O Caso Leonard Peltier", Le Monde Diplomatique, 2002 )

Etiquetas: , , , , , , , , , ,

I heart FeedBurner Monitorado por Cyclops

Conselho Municipal de Saúde: Abaixo-assinado exige reconhecimento da eleição e repudia atitude autoritária de Kassab. Leia e assine.

Nós, abaixo assinados, reconhecemos o Conselho Municipal de Saúde cujos representantes foram legitimamente escolhidos em Plenárias dos Segmentos dos Usuários e Trabalhadores realizadas no dia 10 de novembro de 2007, seguindo as normas aprovadas pelo Pleno do Conselho Municipal de Saúde publicadas no Diário Oficial da Cidade de São Paulo de 15 de outubro de 2007.
Repudiamos as medidas do Secretário Municipal de Saúde que, pela portaria 035/08, baseada no processo 2008.0.014.039-3, anulou o processo eleitoral dos conselheiros, medida que foi ratificada por despacho do Prefeito Gilberto Kassab publicado em 18 de fevereiro no D.O.C. de SP. Tais medidas são francamente ilegais e constituem grave ingerência do executivo sobre um órgão autônomo do controle social. Entendemos que cabe à sociedade civil reprovar o autoritarismo e dar pleno apoio à resolução do Conselho Municipal de Saúde da gestão anterior que, em 05 de fevereiro de 08, por maioria dos votos, homologou o processo eleitoral e deu posse aos conselheiros regular e democraticamente escolhidos.
Para assinar, clique AQUI
Leia na íntegra AQUI

Etiquetas: , , , , ,

I heart FeedBurner Monitorado por Cyclops

BRASIL, CREDOR INTERNACIONAL, por Paulo Nogueira Batista Jr.

Folha de São Paulo - 28/2/2008
PAULO NOGUEIRA BATISTA JR.
É preciso cuidar para que esse avanço não seja minado pela alta do real e pela deterioração do balanço de pagamentos
NA QUINTA-FEIRA passada, o Banco Central anunciou um "fato inédito em nossa história econômica": em janeiro, o país passou à condição de credor externo em termos líquidos, isto é, a soma das reservas internacionais e de outros ativos externos do país ultrapassou o valor da dívida externa. A notícia repercutiu bastante no Brasil e mesmo no exterior. O jornal "Le Monde", por exemplo, escreveu: "A performance brasileira é histórica: pela primeira vez, depois de dois séculos de endividamento, o Brasil tornou-se credor. (...) Ao tornar-se credor, o Brasil melhora ainda mais a sua imagem de país emergente, sério e respeitado". Bem. Um subdesenvolvido nato e hereditário como eu não resiste a elogios em francês ou inglês. A minha vaidade nacional deu "arrancos triunfais de cachorro atropelado", como diria Nelson Rodrigues. Nesta segunda-feira, o BC publicou estimativas mais precisas. Em janeiro, a dívida externa (incluindo a dívida de curto prazo) alcançou US$ 196,2 bilhões. As reservas internacionais situavam-se em US$ 187,5 bilhões, os haveres de bancos comerciais, em US$ 12,9 bilhões, e os créditos brasileiros no exterior, em US$ 2,8 bilhões. Portanto, os ativos superavam a dívida em US$ 7 bilhões. Observe-se, além disso, que 70% da dívida é de médio e longo prazos (os 30% restantes correspondem a dívidas de curto prazo ou a dívidas de longo prazo com vencimentos de principal nos próximos 360 dias). Já os ativos são compostos basicamente de aplicações líquidas, imediata ou quase imediatamente disponíveis. É um marco, não há dúvida. Para um país que nasceu endividado e experimentou ao longo dos séculos 19 e 20 diversas crises de endividamento, chegar à condição de credor não é pouca coisa. Mas não vamos exagerar na celebração. O valor da dívida não inclui empréstimos intercompanhias (US$ 48,6 bilhões em janeiro). Também não inclui títulos públicos emitidos no Brasil e adquiridos por não-residentes (o equivalente a mais de US$ 42 bilhões em janeiro, segundo a CVM). A exclusão desses componentes não é arbitrária. Os empréstimos intercompanhias são operações entre matrizes e filiais de empresas estrangeiras. Podem ser vistos como uma forma de investimento direto. O segundo componente não é propriamente dívida externa, no sentido tradicional, pois corresponde a obrigações constituídas em território nacional. São classificadas como investimento de portfólio. Isso nos conduz a outra ressalva: a dívida externa "stricto sensu" é apenas parte do passivo externo total, pois este inclui, além da dívida, o estoque de investimentos diretos e de portfólio no país. Da mesma forma, o ativo externo total do país inclui não só as reservas e os outros dois componentes acima mencionados mas também os investimentos diretos e de portfólio e outras aplicações de brasileiros no exterior. Por esses conceitos mais amplos de passivo e ativo, o Brasil registrava um passivo externo líquido de US$ 463 bilhões em junho de 2007, segundo os dados mais recentes do BC. Em resumo, a nossa condição de credor internacional ainda é embrionária. A posição externa do Brasil melhorou muito nos anos recentes. E os dados divulgados pelo BC na semana passada constituem mais um sinal dessa tendência. O importante, agora, é cuidar para que esse avanço não seja minado pela valorização do real e pela deterioração da balança comercial e do balanço de pagamentos em conta corrente.
PAULO NOGUEIRA BATISTA JR., 52, escreve às quintas-feiras nesta coluna. Diretor-executivo no FMI, representa um grupo de nove países (Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Haiti, Panamá, República Dominicana, Suriname e Trinidad e Tobago).
pnbjr@attglobal.net

Etiquetas: , , , , , ,

I heart FeedBurner Monitorado por Cyclops

Tucanalha e Demos dizem que economia brasileira está bem graças a eles. Imprensalão vai na deles. Greg Palast levantou o tapete e encontrou sangue...

Sua Excelência Robert Rubin, Presidente do Brasil
Quando era menino, o secretário do Tesouro dos EUA, Robert Rubin, sonhava em ser presidente do Brasil. Em 1999 o seu sonho se realizou. É claro que, como tem endereço em Washington e nacionalidade americana, Rubin conquistou o controle do Brasil da única maneira que podia: por intermédio de um golpe brilhante.
Em outubro de 1998, o presidente nominal do Brasil, Fernando Henrique Cardoso, foi reeleito para o cargo por um único motivo: tinha estabilizado o valor da moeda brasileira e, portanto, contido a inflação. Na verdade, não tinha. O real brasileiro estava ridiculamente supervalorizado. Mas, com a aproximação das eleições, sua taxa de câmbio contra o dólar simplesmente desafiava a gravidade. Esse milagre levou Cardoso à linha de chegada com 54% dos votos.
Mas, não existem milagres.
Quinze dias depois da posse de FHC. o real despencou e morreu. Seis meses depois da eleição, ele tinha aproximadamente a metade de seu valor no dia da eleição. A inflação está aumentando e a economia implodindo. A taxa de aprovação de Cardoso, que se revelou um incompetente e uma farsa, caiu para 23% do eleitorado. Tarde demais. Ele já havia colocado a presidência no bolso.
Quer dizer, mais ou menos. Não restava muito da presidência de Cardoso além do título. Todas as políticas importantes do orçamento ao emprego, são ditadas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e seu órgão irmão, o Banco Mundial. E por trás deles, dando as cartas, estava o secretário do tesouro, Rubin que governou de fato como presidente do Brasil sem precisar perder uma única festa em Mahattan. Mas esse é o preço que Cardoso pagou pelos serviços de Rubin na campanha eleitoral. Pois foi o secretário do Tesouro quem, junto com o FMI, manteve a moeda brasileira alta.
Rubin tem bons motivos para manter a dúbia moeda brasileira, além de ajudar FHC. Sabendo muito bem que a moeda seria destroçada logo depois da eleição, o Tesouro dos EUA garantiu que os Bancos Americanos conseguissem tirar seu dinheiro do país em condições favoráveis. Entre julho de 2002 e a posse em janeiro do ano seguinte, as reservas em dólar do Brasil caíram de 70 bilhões de dólares para 26 bilhões de dólares, um sinal de que os banqueiros pegaram seu dinheiro e fugiram. Mas, a moeda permaneceu em alta antes da eleição porque os EUA deixaram clara sua intenção de substituir as reservas perdidas por um pacote de empréstimos do FMI.
E também se deixou muito claro para os eleitores que os fundos seriam entregues a FHC, e jamais ao Partido dos Trabalhadores, da oposição. O apoio da elite internacional a FHC foi selado pela presença em julho, no Rio, de Peter Mandelson, cão-de-caça político do primeiro ministro britânico, Tony Blair. O estranho e inédito apoio de Mandelson a FHC marcou o ingresso oficial de Cardoso no projeto da Terceira Via de Clinton e Blair.
Um mês após a reeleição de Cardoso, o FMI ofereceu devidamente ao Brasil, um crédito no total de 41 bilhões de dólares. O Brasil não ficou com nada disso, é claro. Qualquer parcela que tenha realmente pingado no país embarcou no primeiro avião com os investidores e especuladores que o abandonaram.
Agora, os brasileiros têm que pagar a dívida. Mas essa é a menor de suas preocupações. Como parte da magia negra para manter a taxa de câmbio antes da eleição, Washington pressionou o Banco do Brasil a elevar a taxa de juros básica para 39%. O FMI pressionou por 70%. Nas ruas de São Paulo, isso se traduziu de taxas de juros de até 200% sobre empréstimos privados e créditos a empresas.
A confirmação do esquema de Rubin para salvar tanto FHC quanto os Bancos Americanos vem de uma fonte das mais interessantes: Jeffrey Sachs, da Universidade de Harvard. Sachs é mais lembrado como a Mary Tifóide do neoliberalismo, que disseminou teoremas do mercado livre e a depressão econômica pela extinta URSS. Sachs, que continua entre o falante grupo de atores no circulo das finanças internacionais, disse-me: “Você podia ver a economia [brasileira] caindo do precipício. Foi uma câmera-lenta. Mas, em vez de evitar a queda pela desvalorização controlada Washinton e o FMI incentivaram vigorosamente taxas de juros acima de 50%”, ele disse. “Washington queria a reeleição de FHC” , dando seis meses aos financistas americanos para vender os títulos e moeda do Brasil em condições favoráveis.
Se o Golpe de Estado de Rubin pareceu bem praticado, foi porque ele usou o mesmo método em 1994 para tornar-se presidente de fato do México. Mais uma vez, um partido governante sem credibilidade voltou ao poder pela força de sua moeda e das promessas de apoio dos EUA. Quatro semanas depois da posse do presidente Ernesto Zedillo o peso despencou, enquanto os credores americanos do México foram salvos por um fundo de empréstimo especial dos EUA.
FHC sabe que não adianta culpar as manipulações de Rubin pelos problemas do Brasil. Em vez disso, com ajuda de uma imprensa de direita (marrom), ele e o FMI atribuem o colapso econômico a vilões conhecidos: funcionários públicos, aposentados e sindicatos. São acusados de estourar o orçamento do governo.
Isso é maluquice. Os pagamentos dos juros, comenta Sachs, equivalem a monstruosos 10% dos gastos do país e são totalmente responsáveis pela duplicação do déficit federal. Comparadas a isso, as aposentadorias dos funcionários, principal alvo dos cortadores de orçamento, são uma gota no oceano.
Mas a analise de Sach é incompleta, ele diz que o “FMI falhou” porque os juros altos causaram a crise e a depressão. Está enganado. A crise é um elemento deliberado do plano.
A crise tem suas utilidades. Somente em caso de pânico econômico Rubin e o FMI podem soltar os Quatro Cavaleiros da Reforma: eliminar os gastos sociais, cortar a folha de pagamento do governo, quebrar os sindicatos e, o verdadeiro prêmio, privatizar empresas publicas lucrativas.
Mas, FHC não estava contente no papel de marionete de Rubin. Originalmente um sociólogo especialista em Teoria da Dependência, Cardoso deve ter lamentado pessoalmente a perda da soberania financeira de seu país.
Ele sobreviveu às eleições, mas a oposição varreu seu partido dos principais Estados, os novos governadores não lamentaram. Mostraram os dentes. Em janeiro de 1999, o ex-presidente Itamar Franco, recém-eleito Governador do Estado de Minas Gerais, recusou-se a pagar as dívidas com o Tesouro Nacional. Então outros seis governadores disseram a FHC o que qualquer pessoa sensata diria a um agiota que aumenta as taxas de juros de 10% para 60%: vá para o inferno. A imprensa mostra Franco como um bufão, enciumado de Cardoso. Seu objetivo é desviar a atenção da verdadeira ameaça a FHC e ao FMI: Olívio Dutra, popular governador do Rio Grande do Sul, era a estrela ascendente do Partido dos Trabalhadores. Filho de agricultores sem-terra, um militante jovem e educado da era da televisão, Dutra transformou a capital do estado em vitrine de desenvolvimento para o país.
Eles atacam Franco, mas é a Dutra que temem. FHC. Fez o possível para punir os gaúchos por sua eleição. Dutra não suspendeu os pagamentos ao governo federal, mas pagou os fundos, cerca de 27 milhões de libras, nos tribunais. FHC. reagiu com crueldade, retendo 37 milhões de libras em impostos coletados para o Estado de Dutra. O FMI bloqueou empréstimos para o Rio Grande do Sul. Contatado por telefone em seu escritório em Porto Alegre, Dutra disse-me que aceitava o fato de a crise exigir sacrifícios. Ele demitiu funcionários públicos, mas teve à audácia de sugerir à General Motors e à Ford que participassem do sacrifício e desistissem de isenções fiscais, que agora sangravam os cofres do estado.
O Brasil é um país rico, com um PIB, mesmo em depressão, de meio trilhão de dólares. Mas, como um hamster frenético na rodinha, está perdendo a corrida para captar seu próprio capital em fuga, que deve recomprar com taxas de juros de usura. Foi por isso que Dutra se esforçou tanto contra a privatização do banco de desenvolvimento de seu Estado, um motor da expansão autofinanciada do Rio Grande do Sul.
O Governador, que não é bobo, não desperdiçou balas contra o humilhado FHC. Ao organizar a resistência às exigências de Rubin e às condições de crédito do FMI, Dutra habilmente não visou as marionetes, mas seus manipuladores.
Dutra foi derrotado, e embora seu Partido dos Trabalhadores esteja na presidência (com Dutra como ministro), Lula está na prisão dos devedores, algemado pelas obrigações com o Citibank e seu braço policial, o FMI. E Rubin foi eleito para o cargo muito mais alto que o de presidente-sombra do Brasil: é presidente do comitê executivo do Citigroup, a corporação que é dona do Citibank, que é dono do Brasil.
POSTAIS DO CARNAVAL DA DESVALORIZAÇÃO
Eu acabara de me servir mais uma dose da pinga caseira dE Zeb. Era dezembro de 1998. Estava brindando a três conquistas extraordinárias do Brasil que haviam ocorrido naquele dia.
A primeira era a aprovação de uma linha de crédito de 42 bilhões de dólares do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial para o Brasil. A segunda, relacionada à primeira, era um salto de 4% no valor das ações na Bolsa do país. A terceira era o anúncio pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) de que o Brasil finalmente havia superado o Chile como economia mais desigual do hemisfério.
O BID calcula que 10% das famílias mais ricas do Brasil, hoje, recebam 47% da renda do país. Os 10% mais pobres recebem menos de 1%.
A expectativa de vida no Brasil é hoje a mais alta das Américas. Menos de uma em cada cinco crianças mais pobres do país completam a escola primária, menos ainda que na Bolívia e no Peru.
No entanto, o economista-chefe do Banco Mundial aplaudiu as “boas condições dos fundamentos econômicos do Brasil”. A pergunta é: boas para quem?
O que marca os que visitam São Paulo não é a pobreza, mas sua riqueza organizada: fileiras e fileiras de luxuosos prédios de apartamentos, shopping centers e torres de escritórios – frutos de um BIP quase tão grande quanto o da Grã-Bretanha.
Se eu deixar cair um copo pela janela do meu hotel de luxo, matarei uma galinha na favela lá embaixo, uma das numerosas cidades de barracos que inundam os espaços entre as extravagantes torres urbanas.
A pinga me ajuda a entender essa louca mistura de pobreza e riqueza. Assim como um cartão-postal do Rio de Janeiro completamente preto. Os moradores do Rio, a Cidade Luz, enviaram centenas desses cartões escuros aos políticos locais, num protesto contra a light, a companhia de eletricidade do Rio, hoje apelidada de Dark.
Em 1997, o governo federal privatizou a Rio Light, vendendo-a para a Electricité de France e a Houston Industries, do Texas. Os novos proprietários, que haviam prometido melhorar o serviço, rapidamente eliminaram 40% da força de trabalho da empresa.
Infelizmente, o sistema elétrico do Rio não está totalmente mapeado. Os funcionários d companhia elétrica guardavam na cabeça a localização dos cabos e transformadores. Quando foram demitidos, levaram consigo os mapas mentais.
Quase todos os dias um novo bairro ficava às escuras. Os proprietários estrangeiros culpavam o clima no oceano Pacífico. O Rio fica no Atlântico, é claro.
Mas para os proprietários em Paris e no Texas nem tudo era escuridão. As conseqüências dos cortes de salários e aumento de tarifas ajudaram os donos estrangeiros a obter dividendos de mil por cento. O preço da ação da Rio Light saltou de 194 reais para 259 reais.
Em 1998, o governo brasileiro pôs em leilão a empresa de eletricidade de São Paulo. Apesar de gritos e processos movidos por organizações de consumidores, a companhia foi ganha pelo único licitante, que pagou o preço mínimo pedido: o mesmo consórcio corrupto Houston-Paris. Imediatamente os novos donos anunciaram um excesso de mil funcionários.
O objetivo desta história de privatização é esclarecer os detalhes sórdidos, raramente relatados, do que o Banco Mundial chama de “criar um ambiente amigo do mercado”.
As condições dessa liquidação de ativos brasileiros são ditadas por um volumoso documento da consultoria americana Coopers & Lybrand (hoje chamada Price Waterhouse-Coopers). Enquanto o termo “mercado” é borrifado por todo o texto, o projeto é feudal e não capitalista. A Coopers divide a infra-estrutura vendável do país em monopólios legalmente aceitáveis, destinados a garantir superlucros aos novos donos, na maioria estrangeiros, sem empecilhos do controle do governo ou da concorrência.
Ele tem como modelo o sistema medieval de “arrendamento fiscal”, em que, por um único pagamento, os reis permitiam que coletores de impostos limpassem os camponeses. Os termos da privatização beneficiaram outros clientes da Coopers, as mesmas companhias que faziam ofertas pelos ativos brasileiros.
O Banco Mundial afirma que a liquidação de todas as empresas públicas do Brasil foi lançada pelo governo brasileiro. “sem pressão externa”. Ah, claro!
A venda acelerada dos bens brasileiros – no valor de 40 bilhões de dólares em 2003 – é uma condição inegociável das linhas de crédito de banco e agências internacionais.
Supostamente, a venda de empresas públicas, portos e rodovias reduz as dívidas do país. Não é verdade. Privatizar a infra-estrutura reduz a dívida do governo, mas não a dívida pública. A menos que os cidadãos desistam da eletricidade e da água, o público ainda é responsável pelas dívidas desses serviços. Na verdade, o governo está cobrindo os custos dos seus empréstimos por meio de um terrível imposto regressivo, na forma de aumento dos preços da eletricidade e da água cobrados aos trabalhadores do país (e aos desempregados das favelas)
É claro que a elite brasileira recebe uma parte do saque. O governo exige que qualquer consórcio estrangeiro que compre propriedade estatal inclua um sócio da língua portuguesa. Provavelmente, você não ficará chocado ao saber que amigos do partido governante estão recebendo tratamento especial.
Em 1998, o Ministério das Comunicações e o diretor do programa de privatizações demitiram-se depois que transcrições de conversas em telefones celulares interceptadas revelaram suas tentativas de influenciar as ofertas por companhias telefônicas estatais, para favorecer amigos ligados a operadoras européias.
O processo de “reformas” imposto por credores externos não se limita à tomadas de bens estatais.
O Brazilian Council da Grã-Bretanha promoveu uma reunião em Londres, em novembro de 1998, sobre os serviços públicos do Brasil. Foi apresentado um plano para “melhorar a eficiência no mercado de trabalho”, financiado pelo Banco Mundial. Os brasileiros não deveriam ver o documento. Mas eu obtive uma cópia e decidi contar o que há nele.
O Plano Mestre do Banco Mundial propõe cinco aperfeiçoamentos para esse país que tem o menor compromisso com a educação e outros serviços públicos do hemisfério. Ele diz claramente;
Reduzir salários e benefícios Cortar pensões Aumentar as horas de trabalho Reduzir a estabilidade no emprego e o emprego.
Mas a recompensa, a linha de crédito de 42 bilhões de dólares, não vai, em última instância, pingar sobre pessoas nos barracos?
Não, diz Ildo Sauer, professor de energia da Universidade de São Paulo (licenciou-se para exercer o cargo de diretor de Gás e Energia da Petrobrás – N.E.). “Tudo vai para saldar os prejuízos do jogo”. – o esforço frenético do governo para manter a taxa de câmbio do real contra o ataque de especuladores.
O Brasil está pagando juros incríveis de 40% sobre sua dívida interna para convencer sua elite a guardar o dinheiro em São Paulo, em vez de Miami. Os 42 bilhões de dólares não vão cobrir os juros de um ano.
Estive hospedado numa casa maravilhosa na praia, perto de Santos (por motivos de pesquisa, legitimamente cobrada do The Observer). O proprietário diz que a residência vale cerca de 500 mil dólares. É sua terceira casa. Ele paga imposto de propriedade de apenas mil dólares por ela.
Os pobres do município não mandam seus filhos à escola porque a captação de impostos não é suficiente para pagar livros, uniformes ou o transporte dos alunos.
E agora, dois anos depois, vemos que os 42 bilhões de dólares do FMI simplesmente permitiram que o banco americano deixasse o Brasil e os ricos espertos mandassem seu dinheiro para o exterior.
É março de 2000. Com a aproximação de terça-feira de carnaval, as conversas políticas ao som da batucada são sobre o salário mínimo, que a Constituição do país efetivamente fixa em 100 dólares pro mês. Com a desvalorização da moeda e a inflação maciça dos bens básicos (a eletricidade aumentou 250%), o mínimo deveria subir automaticamente de 130 reais para menos 170 reais
Sobre esse socorro à população de baixa renda, o presidente Fernando Henrique Cardoso, portados da tocha da Terceira Via na América Latina, permanecia inescrutavelmente perplexo. Mas seus ministros, as câmaras de comércio e seus acadêmicos encheram colunas de jornais com argumentos para se eliminar a “inflexibilidade” da Constituição.
Como tudo o mais durante o carnaval, o debate sobre o salário mínimo é uma farsa. A questão já fora decidida e anunciada em novembro de 1998 pelo Banco Mundial e seu primo, o Banco Interamericano de Desenvolvimento, em um relatório ao British Council em Londres (cujo segredo agora violo com alegria).
Em troca dos empréstimos usados para sustentar o valor do real – um completo fracasso -, o Brasil teria de cortar os salários e aposentadorias do governo e, em especial, fazer cortes nos serviços básicos como saúde e educação. Alguns salários e aposentadorias do Estrado são definidos como múltiplos do salário mínimo – por isso tem de ser cortado sem piedade.
Para aplicar sua decisão (ou, como diz o banco, para “ajudar”), o BID transferiu 160 milhões de dólares das verbas de saúde e seguridade social do Brasil para esse projeto “estrutural”. Nem todo o dinheiro foi desperdiçado. Minha própria dispendiosa viagem pelo Brasil foi paga com essas verbas, numa coordenação do Departamento de Estado dos Estados Unidos e da velha frente da CIA, a USIA. (Não pergunte)
Meu trabalho era instruir os brasileiros em processo democráticos para consumidores e sindicatos dentro dos direitos básicos de uma sociedade civil. Isso é bem americano: primeiro atire em suas pernas, depois dê a eles aulas de samba.
***
A disputa sobre o salário mínimo é um tanto teórica nos estados do Norte do Brasil que cercam a bacia Amazônica, onde qualquer salário é um luxo. Por isso fiquei especialmente tocado pela batalha de um grupo, na maior parte dessa área da Amazônia, conhecido simplesmente como Donas da Casa. As mulheres, cujo trabalho típico consiste em colocar alimentos e roupas para os mais pobres dos pobres do país, deram um susto no complexo bio-industrial internacional com uma ação legal, aberta para elas pelos advogados do IDEC, uma associação de consumidores do Brasil, para impedir a venda pela Monsanto de soja “Round Up Ready”.
A Monsanto modifica o DNA dessas sementes mágicas para sobreviver a uma forte dosagem do herbicida da companhia, Round Up. Andréa Libério, uma líder da Casa, enfurece-se diante da alegação condescendente da indústria de que esse produto vai alimentar os pobres brasileiros, enquanto ela lê que os supermercados britânicos Tesco se recusam vender produtos contaminados por ele. No início, a briga das Donas de Casa parecia a de um peixe de aquário contra Godzilla. Mas os peixinhos estão ganhando.
A Monsanto, em vez de apresentar evidências num tribunal, entregou a defesa da companhia ao juiz em sua casa, à noite. Mas escolheu o juiz errado. Este, aparentemente, lembrava-se de um tempo não muito distante em que o governo militar ia à noite entregar as decisões “certas” aos juízes, ou os levava embora. O juiz Antonio Souza Prudente decidiu que os brasileiros não lutaram pára depor a ditadura militar e vê-a substituída por um comercial. Em seu tribunal, denunciou os visitantes noturnos e proibiu a venda das sementes manipuladas.
A decisão de agosto de 1999 encorajou o diretor da agência ambiental do país a aliar-se aos consumidores e às donas de casa. Não foi uma decisão profissional acertada – o presidente Cardoso o demitiu do cargo. Depois, o governo FHC foi favorável na apelação da Monsanto.
Mas a decisão do juiz parece juridicamente intocável. O Brasil, segundo meus conselheiros da embaixada americana, tem leis ambientais mais rígidas que os Estados Unidos ou a Grã-Bretanha, com multas maiores contra os poluidores. Olhei pela janela do carro para as colunas de fumaça cáustica que dá a partes de São Paulo a aparência do terceiro anel de Hades, “ah... Todo ano o presidente Cardoso decreta uma anistia, assim ninguém paga as multas”.
***
Antes de me reunir com o vice-presidente da Justiça do Estado de São Paulo, meu guia do Departamento de Estado sugere que eu use a nova linguagem criada por consultorias de grupos de interesse. Os cidadãos não são mais cidadãos, e sim “clientes”. O poder do mercado substitui os direitos humanos. “Existe toda uma atitude no Brasil em relação ao público”. Passamos por cima de alguns “clientes” que dormiam sobre as saídas de ventilação do hotel.
O secretário ficou contente ao me ver. Isso lhe deu uma desculpa para escapar de duras negociações com líderes dos Sem-Terra e Sem-Teto que haviam ameaçado montar um acampamento permanente em volta da Secretaria. Eu comentei em inglês: “The roofles meet the rubles” [ Os sem-teto encontram os sem-piedade]. Acho que a tradução foi difícil.
Enquanto garçons serviam xícaras de café, o homem do Departamento de Estado estava ansioso para me mostrar o lado progressista de FHC.. Apontou para a maquete de um grande edifício que ocupava a mesa do secretário. “Acho que é o novo projeto habitacional do governo”.
O secretário sorriu. “Na verdade, é nossa nova prisão. O mais moderno projeto americano. Imagino que seja colocar os “clientes” em ALGUM LUGAR.
***
Notas da entrevista.
Por que aquele homem estava cortando árvores? Para obter lenha para cozinha. Ele não pode comprar gás engarrafado. O preço aumentou 150% em um ano.
E por que? Porque o governo FHC. Eliminou os subsídios e controles do gás engarrafado.
Por que aumentou o preço do gás do país? Para que os que podem pagar prefiram o gás encanado ao engarrafado.
Por que o governo não promoveu o gás encanado? Para tornar a privatização da companhia estatal, Comgás, mais interessante aos investidores estrangeiros.
Por que vender a Comgás? Cardoso precisava de dez bilhões de dólares por mês só para pagar os empréstimos para salvar a moeda.
Quem a comprou? A Shell Oil e a British Gás.
Quando? Em 1997, pouco depois que Tony Blair mandou seu principal assessor em visita ao presidente Cardoso.
***
“Relaxe, é carnaval” , me diz a embaixada. Lá está o presidente Cardoso num pequeno fio-dental verde, ajoelhado na frente de Bill Clinton. Ele cantando a balada de Jobim “Eu serei palhaço...”. De certa forma, os humoristas do desfile são mais verossímeis que a coisa real. Bem, chega. Tenho de vestir minhas plumas. Como diz o Departamento de Estado, “se você não consegue enriquecer, pelo menos pode ficar nu”.
Greg Palast é um dos mais importantes jornalistas investigativos Americanos, trabalha para o "The Guardian", "The Observer", asssim como a BBC, destaca-se entre os jornalistas, com suas obcessões pelas provas documentadas e seus minucioso métodos de pesquisa. Autor do Livro " "A melhor democracia que o governo pode comprar"

Etiquetas: , , , , , , ,

I heart FeedBurner Monitorado por Cyclops

Capa de vEJA e a saída de Fidel: por quê se incomodar com o jornalismo café-com-leite* da revista, feita para leitores também cafés-com-leite?

* Para quem não lembra, ou caso não tenha sido criança: "café-com-leite" era o camarada que, por sua inferioridade física ou idade menor que os demais, era poupado dos castigos nas brincadeiras, apesar de ser permitida sua participação, senão ele chorava...
Eu não tenho motivos para defender Fidel. E muito menos para "atacá-lo". Versões da História existem aos milhares, algumas tranquilas, outras brutais. Os interesses podem ser ideológicos, financeiros, por mera simaptia, ingenuidade, etc.
Até aqui, tudo bem, né?
Então...
Quem tiver o dia inteiro para ler os diversos pontos-de-vista e ouvir as mais variadas opiniões, cada qual com seu argumento alimentado por uma infinidade de dados e informações que, para ser considerada verossímil, careceria de horas e horas de apurações e pesquisas...que serão comparadas, mensuradas, checadas, etc, blalabla...
Ufa, quem tem saco?
Eu sou uma pessoa comum, apenas e os próprios acadêmicos, aos meus olhos, permanecem em embates intermináveis.
E então, por quê, no final das contas, eu deveria ter uma opinião ou idéia final sobre tal assunto?
vEJAM só: opiniões que correram nestes dias, confrontos de números, cada um com seu arsenal de provas irrefutáveis ( sendo que, para refutá-las, teremos que dispor de contra-provas irrefutáveis, percebam a dificuldade da coisa... ).
Li a opinião de um sujeito - cidadão comum, como eu e você - que dizia horrores sobre Fidel, por manter 5.000, 10.000, 100.000 prisioneiros em Cuba. Como ele chegou a tais números, onde os conseguiu?
Não importa, já que, em outro lugar, outra pessoa fala em pouco menos de 1.000 prisioneiros.
A Geopolítica é mesmo uma coisa: os conflitos que sucedem neste mundo não conseguem nossa atenção perene. E resumos, ou ensaios, podem ser conseguidos mesmo nestas revistas de História que são vendidas em bancas de jornais, para um público que sabe e consegue ler e interpretar um texto, mas ao mesmo tempo, não possui as condições exigidas a um acompanhamento técnico-teórico-acadêmico. E as partes conflitantes, por sua vez, podem ser grupos dentro de Estados também conflitantes, e por aí vai. Para engrossar o caldo, temos que descobrir se há possibilidade de Estados, que não estão envolvidos nos conflitos, não o estejam, na verdade, indiretamente ou de forma oculta, mexendo suas peças, em favor de um ou de outro lado, por algum motivo qualquer ( território, petróleo, religião ).
Já que muitas pessoas estão sinceramente tocadas e preocupadas pelo futuro dos prisioneiros políticos em Cuba, seja a quantidade que for, e toda essa questão de direitos humanos, torturas, prisões ( alguns dizem que há 800 prisões para dissidentes políticos em Cuba, com todo aquele espaço ), vamos tentar demonstrar os números do horror:
Pegue-se uma cela comum, modelo standard - ocupada nos mesmos parâmetros das cadeias paulistas: 200 pessoas, onde caberiam 100; se esta cela localizar-se numa cadeia que possui 50 celas, então teremos, apenas nesta cadeia, 10000 prisioneiros [ quem costuma denunciar a existência dos tais 800 presídios, não tem, por outro lado, o costume de dizer se todos eles estão plenamente ocupados pelos dissidentes, apesar de isso parecer implicitado em seus textos ].
Logo, partindo do princípio que Fidel não deixa nem formiguinha solta, se achar que ela é contra-revolucionária:
800 presídios X 10000 prisioneiros = 8.000.000 de cubanos estão presos nas masmorras de Fidel!!!
Pois é: conta todo mundo faz ( exceto, claro, quem estuda durante 8 anos nas cadeias, OPS, escolas do PSDB em São Paulo )...
Mas porque todo esse meu bláblabla?
É que ontem, eu li nalgum lugar, que a Turquia, aliada dos Estados Unidos, mantém 10.000 curdos prisioneiros, militantes do PKK ou não, que se empenham na criação de um território para este povo.
Como nós todos sabemos, Saddam foi mal e porcamente executado, após ter sido julgado culpado por matar curdos com armas químicas. A Turquia também teria matado dezenas de pessoas - também curdos, aliás, por isso mesmo - usando armas químicas, em 1988, nos extertores da guerra Irã-Iraque.
Os curdos separatistas merecem este destino que a Turquia lhes designa? Armas químicas, tortura, limpeza étnica, perseguições, prisões... um script um tanto conhecido, né?
O que não falta no mundo é movimento separatista: o Kosovo foi reconhecido pelos EUA, apesar dos protestos da Rússia, Sérvia; a Espanha também tem seus problemas, com isso, há décadas. O Kosovo é reconhecido pelos EUA, mas o Curdistão está ainda na planta...
E o que dizer de províncias ( departamentos? ) bolivianas, que querem se desligar da Bolívia? Há rumores de que, por trás de tais intenções emancipatórias, estão os EUA, já que os territórios em questão, seriam os de subsolo mais rico. Evo Morales não poderá usar da força para manter a unidade do território boliviano, em mãos bolivianas?
Então, natural perguntar: alguns movimentos separatistas são mais legítimos que outros? Alguns tiranos merecem maior atenção, em detrimento de outros, igualmente facínoras? Os números são confiáveis? Um tirano ditador é mesmo um tirano ditador? As revistas e jornais do imprensalão também são generosamente regadas com dinheiro da CIA? Dez mil curdos presos não merecem, por parte do leitor café-com-leite da vEJA, a mesma atenção que este dá aos dez mil cubanos encarcerados?
Enfim, tomar partido nessas questões, não é das tarefas mais fáceis. Ainda mais se você for um cliente padrão standard da vEJA.

Etiquetas: , , , , , , , , ,

I heart FeedBurner Monitorado por Cyclops

Vai dessa para melhor famoso jornalista conservador. Comunismo esquerdista em festa...

WILLIAM F. BUCKLEY JR.: 1925-2008
Architect of American conservatism

William F. Buckley Jr., who marshaled polysyllabic exuberance, famously arched eyebrows and a refined, perspicacious mind to elevate conservatism to the center of American political discourse, died Wednesday at his home in Stamford, Conn.
Buckley, 82, suffered from diabetes and emphysema, his son, Christopher, said, although the exact cause of death was not immediately known. He was found at his desk in the study of his home, his son said. "He might have been working on a column," Christopher Buckley said.
William F. Buckley Jr.'s winningly capricious personality, replete with $10 words and a darting tongue that writers loved to compare with an anteater's, hosted one of television's longest-running programs, "Firing Line," and founded and shepherded the influential conservative magazine National Review.
He also found time to write at least 55 books, ranging from sailing odysseys to spy novels to celebrations of his own dashing daily life, and to edit five more. Last year, he published a political novel, "The Rake," and a book looking back at National Review's history. His memoirs about Barry Goldwater and Ronald Reagan are due later this year.
The more than 4.5 million words of his 5,600 biweekly newspaper columns, "On the Right," would fill 45 more medium-size books.
Buckley's greatest achievement was making conservatism - not just electoral Republicanism, but conservatism as a system of ideas - respectable in liberal postwar America. He mobilized the young enthusiasts who helped Barry Goldwater win the Republican presidential nomination in 1964, and saw his dreams fulfilled when Reagan and the Bushes won the presidency.
To Buckley's enormous delight, the historian Arthur Schlesinger termed him "the scourge of liberalism."
Buckley declared war on the postwar liberal order, beginning with his blistering assault on Yale as a traitorous den of atheistic collectivism immediately after his graduation.
Buckley weaved the tapestry of what became the new American conservatism from libertarian writers like Max Eastman, free market economists like Milton Friedman, traditionalist scholars like Russell Kirk and anti-communist writers like Whittaker Chambers. But the persuasiveness of his argument hinged not on these perhaps arcane sources, but on his own tightly argued case for a conservatism based on the national interest and a higher morality.
His most receptive audience became young conservatives, some of whom met in 1960 at Buckley's Connecticut estate to form Young Americans for Freedom. Their numbers - and influence - grew.
William Francis Buckley Jr. was born in Manhattan on Nov. 24, 1925, the sixth of the 10 children of Aloise Steiner Buckley and William Frank Buckley Jr. The elder Buckley made a fortune in the oil fields of Mexico, and educated his children with personal tutors at Great Elm, the family estate in Sharon, Conn. They also attended exclusive Catholic schools in England and France.
He served in the Army from 1944 to 1946, and then entered Yale, where he studied political science, economics and history, and established himself as a fearsome debater.
After a year in the CIA in Mexico City ( his case officer was E. Howard Hunt, who went on to win notoriety for his part in the Watergate break-in ), Buckley went to work for the American Mercury magazine, but resigned after spotting anti-Semitic tendencies in the magazine.
Over the next few years, Buckley worked as a freelance writer and lecturer. In 1955, he started National Review as voice for "the disciples of truth, who defend the organic moral order" with a $100,000 gift from his father.
Circulation increased from 16,000 in 1957 to 125,000 at the time of Goldwater's candidacy in 1964, and leveled off to about 100,000 in 1980. It is now 155,000. The magazine has always had to be subsidized by readers' donations.
Buckley's personal visibility was magnified by his "Firing Line" program, which ran from 1966 to 1999. It became the longest-running show hosted by a single host - beating out Johnny Carson by three years. Buckley led the conservative team in 1,504 debates on topics like "Resolved: The women's movement has been disastrous."
At age 50, Buckley became novelist. Some 10 of the novels are spy tales starring Blackford Oakes, who fights for the American way.
Buckley's spirit of fun was apparent in his 1965 campaign for mayor of New York on the ticket of the Conservative Party. When asked what he would do if he won, he answered, "Demand a recount." He got 13.4 percent of the vote.
This article appeared on page A - 2 of the San Francisco Chronicle

CASA BRANCA lamenta o passamento do amigo de longa data da família Bush:

"Press Briefing by Dana Perino James S. Brady Press Briefing Room

MS. PERINO: Two statements for you. Today we learned that William F. Buckley has passed away and that has saddened everyone here at the White House. Mr. Buckley was a longtime friend of the Bush family. I informed the President of Mr. Buckley's death at 11:45 a.m., while the President was in the Oval Office.
In 2005, when President Bush hosted an event in honor of the 50th Anniversary of National Review, he praised Mr. Buckley's life, saying that "he helps contribute to the realm of ideas for America and helped turn dreams into reality. His work impacted millions of Americans who shared his strong belief in the power of freedom." And the Buckley family will be in our thoughts and prayers ( ... )"

Etiquetas: , , , , , , , , ,

I heart FeedBurner Monitorado por Cyclops