sexta-feira, 24 de março de 2006

Fora sigilo!



Esta história do caseiro me irritou profundamente. Não pelo personagem, mas por essa palavra: sigilo. Porra, pra que sigilo, pensei. Meus segredos têm origens nobres, ou de sobrevivência. Não sou uma "pessoa pública", então, não preciso quebrar meus sigilos.
Proponho aqui uma Emenda Constitucional versando sobre a quebra de sigilos em situações especiais:

art.1: Qualquer cidadão brasileiro que se disponha a ser uma "pessoa pública" terá os seus sigilos bancário, fiscal, telefônico, internético, conversático de boteco e correlatos, automaticamente quebrados.§ 1º: Por "pessoa pública" entende-se o cidadão disposto a:a) ser candidato a qualquer cargo eletivo (síndico de prédio, presidente de clube, vereador, deputado...);b) ser atleta, ator/atriz, jornalista, apresentador de TV/Rádio, modelo, manequim (ou as cinco funções anteriores concomitantes), prostituta, travesti ou transexual, denunciante em cadeia nacional de rádio/TV de escândalos de qualquer espécie envolvendo pares ("pessoas públicas");

Essas são medidas realmente saneadoras de corrupção, extorsão, chantagem e crimes afins, e servirão, como consequência, para a diminuição sensível de candidatos a serem "pessoas públicas", o que resultará de imediato numa depuração qualitativa da sociedade. Sem contar que o horário político durará somente 30 segundos, e a novela que passar a seguir contará somente com atores e atrizes.

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quinta-feira, 23 de março de 2006

Imprensa-Show

Não ia escrever porra nenhuma nesta semana (cansaço, saco cheio, sono), mas, motivado pelo post do sempre valoroso Valmir, tá aí.Essa estória do caseiro é a prova cabal da irresponsabilidade da "imprença" brasileira. Imprensa, para mim, são os olhos da sociedade em cima do poder: vigilância, responsabilidade, apuração, cobrança. Infelizmente, não é isso que vemos.Um zé-mané da CEF, querendo promoção fácil, tenta livrar a cara do chefão quebrando ilegalmente o sigilo bancário de outro zé-mané (o caseiro Francenildo). A estratégia do primeiro zé-mané é típica de um zé-mané: entrega o extrato bancário a uma revista (Época), para que ela faça o serviço sujo: jogar merda no ventilador e desqualificar o "dedo-de-seta" nas suas acusações ao ministro. Pois bem, algumas perguntas se seguirão:1- Se você fosse um ministro putanheiro juramentado, iria admitir, numa CPI transmitida ao vivo para todo país, que frequentava a zona?2- Quem quebrou o sigilo do caseiro? o zé-mané da CEF ou a revista "Época"? Pra mim, quem quebra sigilo é quem conta o fato. Se "Época" não tivesse publicado, quem saberia?"Época", ao publicar a história de Francenildo, em nenhum momento pensou em preservar sua vida particular, seu "problema com o pai" - entre aspas pois foi muito mal apurada essa parte da matéria -, descobrir a origem dos trinta paus, e aceitou, passiva e irresponsavelmente, a versão do "quebrador de sigilo": e se o extrato fosse falso? Não é ilegal divulgar dados obtidos ilegalmente?Todo esse caso mostra que nossa imprensa é de mentirinha, apenas mais um tentáculo do show-business, muito distante dessa minha visão puritana e ingênua do que deveria ser o papel do jornalista. Afinal, só para fazer um flash-back rápido, vamos a algumas "matérias" divulgadas, somente sobre os escândalos do governo, e seus resultados:- As FARC financiaram a campanha de Lula em 2002 - qual o desfecho? o de sempre, o esquecimento. Afinal, o show já terminou...- Dólares de Cuba (!) financiaram Lula - não me lembro (nem estou a fim de pesquisar), mas me recordo que, quando da apresentação da reportagem, fiz um cálculo rápido do volume ocupado pela quantia declarada (em notas de US$ 100), e cheguei à conclusão de que o dinheiro não cabia nas caixas de Red Label declaradas. Simples assim. E ninguém está falando mais nada sobre isso...- Fernanda K Somaggio - Esta, então, nem se fala. Saiu na VIP (na Playboy seria um crime), atirou pra todo lado, mas, de prático, rendeu o que? Onde está FKS?Onde quero chegar? Simples: nossa imprensa é rasa de idéias e ideais. É quase como aquela fofoqueira do bairro, que fica no portão falando dos vizinhos, sem nenhuma responsabilidade. Com a diferença que a fofoqueira faz isso de graça.
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